A judoca Joana Santos é a única atleta feminina na comitiva portuguesa aos Jogos Surdolímpicos, competição à qual chega como campeã mundial de -57 kg e com a ambição de repetir a conquista de uma medalha.

“O objetivo é ganhar sempre e o ouro é o objetivo principal, ainda não sei quem vão ser as minhas adversárias, nem gosto muito de saber, deixo essa parte para o meu treinador. Sei que tenho que me preparar no meu máximo e depois se verá, a participação tem crescido muito e o nível também, aparecem sempre atletas novas algumas muito fortes, outras mudam de peso. Vou participar pela primeira vez na categoria de -57 kg, antes participei nos -63 kg”, disse Joana Santos, em entrevista à agência Lusa.

A judoca, de 32 anos, considera que o facto de chegar aos Jogos que vão decorrer em Caxias do Sul, no Brasil, com o estatuto de campeã mundial, conseguido em outubro passado na cidade francesa de Versalhes, “traz uma responsabilidade acrescida”, que será esquecida quando começarem os combates.

“Há alguma pressão por ser campeã do mundo, uma responsabilidade acrescida, mas quando começar a competição esqueço-me completamente disso e tento focar-me nos combates, um a um e tentar ganhar sempre”, afirmou.

A atleta, do Judo Clube do Algarve, garante que a preparação para os Jogos Surdolímpicos “está a correr bem”, mas reconheceu que, tal como a competição, adiada no ano passado, foi afetada pela pandemia de covid-19.

“A preparação está a correr bem, também já tive o campeonato do mundo mais tarde, por isso estamos a caminhar um pouco atrasados, mas tenho treinado sempre, todos os dias de manhã e à tarde, mesmo na altura do confinamento consegui treinar quase todos os dias, não me deslocava era para Coimbra, como faço agora quase todas as semanas, pois divido-me entre os treinos em Faro, no meu clube com o meu treinador, e Coimbra, com a seleção nacional”, referiu.

Na sua quarta participação em Jogos Surdolímpicos, Joana Santos quer manter a tradição de conquistar medalhas, depois de ter sido alcançado o ouro em Taipé2009, a prata em Sófia2013 e o bronze em 2017.

Joana Santos é a única mulher numa comitiva de 12 atletas, facto que não a incomoda, mas que a deixa um pouco “triste”: “Gostava muito que outras seguissem o meu exemplo e trabalhassem para isso ser possível, espero que todas aquelas que não conseguem, mas que gostariam de o fazer sintam orgulho em mim”.

Licenciada em design de comunicação, área na qual faz trabalhos pontuais, e com um filho de três anos, Joana Santos divide o tempo entre o judo e a família, algo que mudará depois da competição no Brasil.

“Agora, que estamos perto dos Jogos, é só mesmo o judo. Tenho de ter algum tempo para a família, com um filho de três anos é preciso dar-lhe muita atenção. Depois quando a competição terminar tenho de me dedicar mais a sério ao mundo do trabalho na minha área se for possível”, afirma.

A judoca, que até há pouco tempo competiu na categoria -63 kg, na qual foi bronze europeu em 2019 e ouro mundial em 2008, não antecipa os objetivos pós Jogos Surdolímpicos: “Tenho viagem já marcada para Caxias do Sul, sem querer esconder a vontade de ir ainda mais além e chegar a Tóquio2025”.

Nos Jogos Surdolímpicos Caxias do Sul 2021, adiados no ano passado devido à pandemia de covid-19, são esperados cerca de 4.500 atletas de 100 países para competirem nas 20 modalidades do calendário surdolímpico.

Portugal, que estará representado em seis modalidades, somará a sua oitava participação portuguesa em Jogos Surdolímpicos, competição na qual já conquistou 13 medalhas.

O evento é organizado pelo Comité Internacional de Desporto para Surdos (ICSD), criado em 1924 e que em 1955 foi admitido pelo Comité Olímpico Internacional como federação internacional.

Para participar nos Jogos, os atletas devem ter perdido 55 decibéis no seu “ouvido melhor”, não sendo permitido o uso de quaisquer aparelhos ou implantes auditivos.