Javier Tebas continua a sua cruzada contra a pirataria de conteúdos desportivos. O presidente da La Liga espanhola esteve no 'Centre Pompidou' em Málaga no primeiro dia do Marca Sports Weekend, organizado pelo jornal desportivo 'Marca'.
Num painel com o título 'STOP à pirataria', Tebas voltou a sublinhar que a fraude audiovisual é um dos grandes problemas do futebol moderno.
"Uma das partes importantes das receitas na indústria do desporto e do futebol em particular, provém da venda dos direitos audiovisuais. Para ver um jogo, tens de pagar, quer para ver no estádio, ou na televisão mediante a subscrição. Mas o dinheiro que entra pelas subscrições irá diminuir e isso levará a indústria à ruina. Se queremos manter o nível de jogadores, o nível da indústria, tem de se pagar como se paga para ir ver o jogo no estádio", começou por dizer.
A ideia de que os preços das subscrições de canais desportivos leva a pirataria foi negada pelo dirigente.
"Os Ferraris são caros e não vejo as pessoas a roubarem Ferraris. Ser caro não pode ser desculpa para se roubar. E não é assim tão caro", disse, explicando que no México, por exemplo, quem mais acede a conteúdos piratas são as pessoas de classe alta.
O presidente da La Liga voltou a criticar as gigantes tecnológicas como a Google que, na sua opinião, nada fazem para ajudar nesta guerra.
"A Google ganha dinheiro com a pirataria, temos vários casos judiciais com eles por vários crimes, por ser um colaborador da pirataria e por branqueamento de capitais. A Google colabora com o pirata por ficar com a parte proporcional da publicidade de algo que é crime", denuncia.
Tebas elogiou o trabalho judicial feito por Itália nessa luta contra a difusão ilegal de conteúdos, principalmente por obrigar a Google a detetar o conteúdo pirata. Para o dirigente, a gigante tecnológica podia fazer com os conteúdos ilegais o mesmo que faz com a pornografia: não aparece nos motores de busca.
Tebas levantou suspeitas sobre o trabalho da Google nessa luta, deixando no ar que não faz mais porque não quer.
"O Youtube, que é da Google, pagou 2000 milhões de dólares pelos direitos da NFL. Curiosamente, diminuiu a pirataria nos EUA. É curioso mesmo, onde a Google investiu dinheiro, a pirataria diminuiu. Por isso é preciso dize-lo: a Google colabora com este roubo. Em agosto de 2023, retiramos 140 aplicações do ar [que acediam a conteúdos piratas]. Entre o tempo que fizemos a denúncia até a Google retirá-los do ar, só em Espanha foram feitas 800 mil downloads [dessas aplicações]. Só em agosto", detalha.
A rede social, X, antigo Twitter, também mereceu críticas de Tebas: "Musk [dono do X] despediu vários trabalhadores e a luta contra a pirataria ficou com pouca gente. Os nossos direitos audiovisuais estão a ser oferecidos de borla. Se não travamos isso agora, cai tudo por terra", declarou.
Na sua intervenção, o presidente da Liga Espanhola garantiu que a pirataria aumentou 70 por cento em três anos, principalmente com a expansão da banda larga.
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