Quando atracou no cais da Portuguesa, na Ilha das Cobras, junto da Baía da Guanabara, na manhã de quarta-feira, Joana Pratas completou a maior jornada marítima da sua vida, aquela que a levou de Lisboa ao Rio de Janeiro em 43 dias de viagem, sem enjoos, sem medos.
"Desde 1988 que pratico vela. Estive em três Jogos Olímpicos: Atlanta1996, Sydney2000 e Atenas2004. Mas, sem dúvida, esta experiência é completamente diferente daquelas a que estava habituada. Foi a primeira vez que atravessei o Atlântico, que cruzei a mítica Linha do Equador, a bordo deste fantástico navio da Marinha portuguesa. Portanto, foi uma experiência única, maravilhosa, da qual me hei de lembrar por muitos e bons anos", confessou.
Nessa epopeia marítima, as saudades de casa foram o único ‘Adamastor' que a antiga velejadora e atual membro da Comissão de Atletas Olímpicos encontrou.
"[O mais difícil] Foi não poder estar permanentemente em contacto com a minha família, o meu marido e os meus amigos. Não poder comunicar diariamente, essa foi a parte mais complicada para mim", assumiu, desvalorizando o facto de ser uma das apenas oito mulheres a bordo do navio escola Sagres.
"Estou habituada a lidar com homens, porque durante muitos anos era a única rapariga na equipa olímpica. Para mim, não foi nenhum problema", acrescentou.
Nos 43 dias passados em alto mar, Joana Pratas ‘transformou-se' numa oficial da Marinha, subindo aos quatros mastros da embarcação - "o mastro grande e o traquete têm ‘só' 45 metros de altura" - e ajudando em outras atividades, apesar de não ter feito "tudo aquilo que a guarnição faz".
De pés bem assentes em solo brasileiro, a antiga velejadora, de 37 anos, garante não sentir nostalgia por não estar no Rio de Janeiro a competir.
"Poder vir a bordo da Sagres, nesta missão, eu costumo dizer que é como se fossem os meus quartos Jogos Olímpicos. Poder participar nesta missão, para mim, é uma honra, um privilégio, e, de forma alguma, tenho esse sentimento de nostalgia", explicou.
Depois da aventura no mar, Joana Pratas vai agora aventurar-se no Rio de Janeiro, para ajudar a Missão portuguesa naquilo que for necessário.
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