Os atletas chineses revelaram "humanismo" e "bondade", durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, conquistando assim "triunfos da alma", considerou hoje a agência oficial chinesa Xinhua, sobre a pior prestação do país desde 1996.
Num artigo intitulado "Como a China encantou o mundo", a Xinhua descreve vários momentos "emblemáticos da nova China que emergiu durante os Jogos", e que "contrastaram profundamente com o comportamento questionável de outras delegações".
Com a sua segunda maior delegação de sempre nos Jogos - 416 atletas - o país asiático terminou em terceiro lugar no quadro geral de medalhas, atrás dos Estados Unidos da América e Grã-Bretanha.
Trata-se da pior participação da China, desde os Jogos Olímpicos de Atlanta, quando acabou na quarta posição.
No total, os atletas chineses trouxeram do Brasil 70 medalhas - 26 de ouro, 18 de prata e 26 de bronze.
Em 2008, ano em que Pequim acolheu a competição, a China terminou em primeiro, com um total de 51 medalhas de ouro; em 2012, em Londres, foi segunda, com 38.
Para a imprensa estatal, porém, os Jogos no Rio de Janeiro foram "emblemáticos".
A Xinhua recorda quando o atleta chinês Qin Kai pediu a namorada, He Zi, em casamento, também ela atleta, após esta conquistar a medalha de prata na prova de trampolim a três metros.
Outra "imagem marcante" destes Jogos foi protagonizada pelo atleta de Badminton Chen Long, que "chorou como um bebé, nos braços do seu treinador, após ganhar a medalha de ouro".
Momentos que revelaram "uma China que expõe as suas emoções" e "coloca maior ênfase no espírito humano, respeito e amizade, mais do que simplesmente ganhar títulos". Gao Zhidan, vice-presidente do Comité Olímpico Chinês, considerou mesmo que a prestação do país foi "um sucesso inqualificável", com "vários momentos de uma humanidade comovente". "Os atletas chineses vieram aqui mostrar o seu espírito de luta, servir de ponte de amizade e dar a conhecer o melhor lado do povo chinês", afirmou.
A Xinhua lembra ainda o "comportamento questionável" de algumas outras delegações. Os EUA, líderes no 'ranking' das medalhas, por exemplo, cometeram "violações de caráter criminal e étnico", considerou a agência, referindo-se ao caso que envolveu os nadadores norte-americanos, responsáveis por "fabricar" um assalto à mão armada no Rio.
Já quando a nadadora chinesa Chen Xiny deu positivo no teste de 'doping', a delegação chinesa, "em vez de mentir e fugir das autoridades, deu uma resposta pronta e sincera", exigindo à atleta para que cooperasse com a investigação.
Porém, vários internautas chineses parecem hoje menos entusiasmados com as vitórias morais e recordam que a equipa do país deve aos contribuintes um melhor retorno para o dinheiro investido na sua preparação. "A postura de que só interessa ganhar medalhas não está certa, mas menos certa está a atitude de que as medalhas não importam para nada", lê-se em um comentário escrito no portal sina.com.cn.
"A pequena Grã-Bretanha, com uma população muito menor do que a nossa, terminou em segundo", aponta outro. "Que grande vergonha!".
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