A Amnistia Internacional denunciou esta quarta-feira que os habitantes das favelas do Rio de Janeiro, cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos, estão a viver num clima de terror, após 11 pessoas terem sido mortas este mês em tiroteios com a polícia.
O grupo defensor dos direitos humanos disse que pelo menos 307 pessoas foram mortas pela polícia na cidade no ano passado e pediu às autoridades brasileiras que tomem medidas antes do início dos Jogos Olímpicos Rio2016, que começam a 5 de agosto.
De acordo com os dados recolhidos pela Amnistia Internacional, um em cada cinco homicídios cometidos por elementos das forças policiais no Brasil verifica-se no Rio de Janeiro, cidade que dentro de 100 dias irá acolher os Jogos Olímpicos.
"Residentes em muitas das favelas do Rio de Janeiro estão a viver num verdadeiro clima de terror, depois de, pelo menos, 11 pessoas terem sido mortas desde o início do mês em tiroteios com a polícia", refere em comunicado a organização.
De acordo com a nota à imprensa distribuída pela Amnistia Internacional, as autoridades brasileiras "têm cada vez mais uma abordagem de linha dura contra os protestos de rua, que, na sua grande parte, são pacíficos”.
"Apesar da promessa de uma cidade segura para receber os Jogos Olímpicos, mortes por elementos das forças policiais têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos no Rio", reconheceu o diretor da Amnistia Internacional no Brasil, Atila Roque.
O responsável acrescentou ainda que “muitos foram gravemente feridos por balas de borracha, granadas de gás e até mesmo armas de fogo utilizadas pelas forças policiais durante os protestos".
De acordo com dados da Amnistia Internacional, a polícia do estado do Rio de Janeiro matou 580 pessoas em 2014, quando o país recebeu o Mundial de futebol. Esse número foi superior em cerca de 40 por cento em relação a 2013 e continuou a crescer em 2015, que registou 645 mortes.
A Amnistia admite que "não é possível relacionar esse aumento de mortes cometidas por polícias diretamente com os preparativos para os Jogos Olímpicos", mas "as estatísticas revelam um claro padrão de uso excessivo de força, violência e impunidade que fere instituições de segurança pública".
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