Muhammad Abdallah Kounta, membro da equipa francesa de atletismo que participou dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, foi suspenso nesta quarta-feira pela federação do seu país por ter publicado e partilhado mensagens de incitação ao ódio nas redes sociais.

"O presidente da Federação Francesa de Atletismo confirmou-me que suspendeu o atleta e contactou o procurador da República e a comissão disciplinar da federação", informou no X a ministra dos Desportos francesa, Amélie Oudéa-Castera, que definiu as mensagens e publicações, em especial as relacionadas com Israel, como "tão chocantes quanto inadmissíveis".

Kounta apagou as publicações e chegou a desativar a sua conta no X, mas não demorou a reativá-la para publicar um pedido de desculpas, no qual se apresenta como "francês, muçulmano e orgulhoso".

"Há pessoas que se divertiram a procurar entre os meus tweets para tirar algumas das minhas mensagens de contexto, conotando-me uma reputação de anti branco, antifrancês, antissemita. Peço desculpas sinceras se há pessoas ofendidas. Sou contra os genocídios e qualquer forma de racismo ou injustiça e acho desnecessário ter que provar o quanto amo o meu país", explicou Kounta, que participou nas estafetas 4x100 metros masculinas e mistas nos Jogos de Paris.

Ao ser contactada pela AFP, a Federação Francesa de Atletismo (FFA) não se pronunciou especificamente sobre o caso de Kounta, mas abordou as "declarações de vários atletas da equipa da França durante os Jogos Olímpicos", relativamente às mensagens de caráter homofóbico publicadas há dez anos pelo corredor da meia maratona, Hugo Hay, que também participou nesta última grande competição.

"A Federação lembra ao conjunto de atletas da equipa da França que a expressão das suas opiniões pessoais não deve, em nenhum caso, colocar em risco a união do atletismo francês e da equipa da França, sendo que tem o dever de corresponder aos valores republicanos", explicou a FFA.

O organismo que tutela o atletismo francês foi ainda mais longe nas acusações.

"Condenamos o fato de os atletas terem aproveitado a festa olímpica como uma oportunidade para as expor suas ideias pessoais, algumas das quais constituem crime. Por isso, o presidente da Federação tem procurado sistematicamente as instituições competentes, com o objetivo de esclarecer os factos, e continuará a fazê-lo no futuro", lembrou a FFA.