O hino nacional soou hoje na Aldeia Olímpica, na cerimónia do hastear da bandeira, um momento simbólico que congregou a delegação portuguesa num ambiente de descontração e emoção, em que nem as danças faltaram.
Vestidos de impermeável verde e calção preto, a quase totalidade dos elementos da comitiva nacional - os ausentes, como a judoca Telma Monteiro, a ginasta Filipa Martins ou os tenistas João Sousa e Gastão Elias, estavam a treinar - chegou à zona internacional da Aldeia Olímpica, a única a que os visitantes têm acesso, em ‘procissão'.
Entre cumprimentos, sorrisos, foram-se alinhando para as fotos da praxe, em grupos de modalidades ou de cumplicidades. "Tu não consegues, tens o braço curto", brincou Nelson Évora, enquanto a ‘pequenita' Marta Pen se punha em bicos dos pés para registar o momento, uma missão bem-sucedida, rematada com a frase “os chineses não falham”.
Com 50 por cento dos campeões olímpicos nacionais presentes - além do campeão do triplo salto de Pequim2008, também Rosa Mota integrou a colorida comitiva nacional -, a cerimónia arrancou com um espetáculo de dança.
Bailarinos camuflados moveram-se ao som de novas roupagens de músicas popularizadas pelas telenovelas brasileiras, antes da ex-basquetebolista e dupla medalhada olímpica Janeth Arcain, a maestrina deste ensaiado ritual, acolher os atletas, com um discurso a lembrar a importância do ‘fair-play' e a enaltecer a capacidade de nunca desistir.
Reunidos diante do palco, com a gigante delegação italiana do lado esquerdo, os portugueses esperaram ansiosos pelo hastear da bandeira nacional, enquanto viram erguer-se as de Andorra, República Democrática do Congo, Itália e Ilhas Marshall - a das ilhas Salomão foi a última a juntar-se à já hasteada bandeira do Comité Olímpico Internacional (COI).
À chamada pelo Comité Olímpico de Portugal, responderam o Chefe de Missão, José Garcia, e a nadadora Tamila Holub, a mais jovem dos atletas lusos que vão estar nestes Jogos Olímpicos, com os dois a receberem um símbolo do Rio2016.
Era o sinal que faltava: assim que os acordes do hino começaram a ecoar na Aldeia Olímpica e que os pulmões se encheram de ar para entoar as palavras da identidade nacional - foram a única das seis delegações a fazer-se ouvir -, um batalhão de telemóveis agitou-se no ar para registar um momento que ficará na memória de todos.
Concluído o protocolo, com José Garcia a inscrever o nome de Portugal no ‘Olympic Truce Mural', um painel de azulejos azul, verde e amarelo, a festa começou, com Rosa Mota a dançar juntamente com os bailarinos, numa celebração comum do espírito olímpico.
Quando os atletas começaram a dispersar - Nelson Évora ainda teve tempo para assinar autógrafos -, o velejador José Costa tornou-se o porta-voz da emoção nacional: “É especial (estar no hastear da bandeira). Nós, ao contrário de outras modalidades, só ouvimos o hino quando ganhamos. Sinto sempre um arrepio quando ouço ‘A Portuguesa' e hoje também senti".
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