As federações de canoagem, triatlo, natação e badminton consideraram este domingo despropositada qualquer relação direta entre resultados de excelência em Londres2012 com os Centros de Alto Rendimento (CAR), pois defendem que só em futuros ciclos olímpicos haverá frutos.
«Essa associação só pode ser feita por quem não tem noção do tempo e do que custa preparar um atleta para os Jogos Olímpicos. E a grande maioria dos CAR está ainda em fase de conclusão ou foram concluídos há muito pouco tempo. Só por esse motivo, estaria logo descartada essa possibilidade», vinca Mário Santos, presidente da federação de Canoagem e Chefe de Missão de Portugal a Londre2012.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Frischknecht, da natação, também discorda de quem tem feito esse tipo de associação, referindo que «isso revela ignorância em relação às condições de preparação dos atletas para uma competição como campeonatos da Europa e do Mundo ou Jogos Olímpicos».
Este líder federativo lembra que o «tempo médio de preparação são 10 a 12 anos», pelo que não se pode «fazer uma relação causa-efeito», pois «fazê-lo é sempre um abuso e clara ignorância».
«Não sentimos qualquer tipo de pressão [com esse tipo de declarações], mas não é de todo correto assumir a edificação dos CAR com o resultado imediato. Só por má-fé é que se pode fazer este tipo de associação. Obviamente vão trazer resultados visíveis no próximo ciclo olímpico e garantidamente em dois ciclos. É este o ciclo e o ‘timing’ da formação de um desportista para o alto rendimento», acrescenta José Luis Ferreira, do triatlo.
Os dirigentes, que se encontram em Montemor-o-Velho nos Europeus sub-23 e júnior de canoagem, recordam que há ainda «muitas valências» que faltam aos diversos CAR e manifestam «preocupação» quanto à forma como vai decorrer a sua gestão futura.
«Deve ser a politica de alto rendimento que deve condicionar os CAR e não a sua viabilidade económica a condicionar o rendimento das nossas seleções nacionais», avisou Mário Santos.
O presidente da canoagem considera que é preciso «definir muito bem o propósito dos CAR»: «Decidir se o objetivo estratégico é preparar os nossos atletas para as provas internacionais ou se o papel é única e exclusivamente a sua rentabilização, e aí os CAR poderão ter um papel na preparação de outras seleções nacionais, que não as nossas».
«As federações podem e devem constituir-se como parceiros nessa aposta conceptual, mas a doutrina e política a definir cabe sempre ao responsável pela tutela. Definir o que esperar a 10, 12 anos», acrescentou Paulo Frischknecht, que lamenta as sistemáticas alterações de políticas desportivas nacionais, face às regulares mudanças de dirigentes desportivos e políticos.
O CAR das Caldas da Rainha é gerido desde início pela federação de badminton, que tem acumulado uma «experiência» que deseja seja aproveitada no modelo tripartido (estado, federações, autarquias) idealizado pelo governo.
«Temos de ser nós a fazer a sustentabilidade, pois as contas são pagas pela federação. Quando o novo modelo for implementado seremos parceiros ideais, pois temos provas de rentabilidade nestes dois anos e meio de trabalho», resumiu João Matos.
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