O Comité Olímpico de Portugal (COP) voltou a ser afastado da direção da Fundação do Desporto, revelou José Manuel Constantino à Lusa, detalhando o porquê do diferendo com o órgão presidido por Susana Feitor.
“Neste último mandato, o Comité Olímpico, que é uma entidade fundadora da Fundação do Desporto de Portugal, foi afastado do Conselho de Administração. Tenho a minha interpretação para os factos, conheço os motivos que estiveram na origem daqueles que votam não terem eleito o Comité Olímpico para o Conselho de Administração. Foi a primeira vez na história da Fundação em que o Comité Olímpico não fez parte do órgão de administração e assim vamos continuar, porque na assembleia realizada na passada segunda-feira o COP foi, uma vez mais, afastado de qualquer lugar nos órgãos diretivos”, informou.
O dirigente olímpico acredita que o afastamento do COP resulta do facto de a entidade à qual preside ter sido polémica nas questões que levantou, numa altura em que pediu para ser retirada do Conselho de Administração.
“Ainda no tempo do Dr. Carlos Marta, a cerca de seis meses do final de mandato, nós solicitámos, enfim, o abandono das funções no Conselho de Administração, sem fazermos disso qualquer anúncio público, porque discordávamos basicamente de três questões. Do regime de utilização das ajudas de custo e de viatura pessoal, do facto de haver um membro do Conselho de Administração que nunca tinha cumprido a obrigação social do capital inicial que a própria Fundação exige aos seus membros fundadores e a circunstância de a Fundação distribuir apoios financeiros a entidades membras da própria Fundação”, enumerou.
Definindo esta política como “inaceitável”, Constantino considera que em qualquer outro setor social esta situação daria “uma polémica extraordinária”.
“Temos sido substituídos quer pela Confederação do Desporto de Portugal, quer pelo Comité Paralímpico de Portugal, que há cinco anos votaram a favor da nossa saída e, portanto, foi um dado de facto, ignoro os motivos. Nós temos acompanhado apenas no Conselho de Fundadores, e assim iremos continuar”, pontuou.
Para José Manuel Constantino, a fundação, que desde finais de abril é presidida pela ex-marchadora Susana Feitor, tem pela frente o importante desafio de não ser um prolongamento da administração pública desportiva, uma vez que, atualmente, aquilo que faz “pode ser feito perfeitamente pelo IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude]”.
“Não é para isto que a Fundação foi criada. A Fundação foi criada para encontrar um quadro que atraísse o setor privado, para reforçar o financiamento ao desporto de alto rendimento, complementando aquilo que é o financiamento público e, por via desse facto, obter algumas vantagens do ponto de vista fiscal, de acordo com o enquadramento legislativo a que esse setor está sujeito. Ora, não apenas isto nunca foi alcançado, como a Fundação tem sido basicamente uma espécie de departamento do IPDJ”, reforçou.
O COP está, agora expectante, para acompanhar o trabalho da nova presidente, mostrando-se disponível para colaborar, embora sem ultrapassar a sua linha de demarcação.
A Fundação do Desporto é uma entidade sem fins lucrativos, dotada de órgãos e património próprios e de autonomia administrativa e financeira.
Esta Fundação, que é também a entidade coordenadora da Rede Nacional de Centros de Alto Rendimento, tem como objeto social a promoção do desporto e do bem-estar físico, apoiando e fomentando o desenvolvimento do mesmo, designadamente nos domínios do alto rendimento, educação, saúde, turismo, ambiente, economia e aumento da atividade física junto da população.
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