Em comunicado o Comité Olímpico Português desmentiu os argumentos utilizados pela velejadora Carolina Borges para não participar nos Jogos Olímpicos de Londres, revelados numa entrevista a um jornal desportivo.
O COP refere que foi a própria atleta a «auto-excluir-se da prova» e que esta foi uma decisão tomada «sem qualquer justificação».
O mesmo organismo diz ser falso que não tenha pago o subsídio a Carolina Borges. O COP reconhece ter existido um atraso, mas explica que a culpa foi da atleta, sendo que tudo ficou resolvido no dia 4 de julho.
Relativamente à ausência de um treinador, outra das justificações dadas pela atleta, o mesmo órgão diz que isso não corresponde à verdade.
«Quanto ao facto de não ter treinador, também é falso. O enquadramento técnico da Vela é da responsabilidade exclusiva da Federação Portuguesa de Vela, sendo que o faz, por classes e não por atletas. Pelo que há um treinado responsável por essa classe».
Confira o comunicado na íntegra:
Em resposta à entrevista dada hoje pela atleta Carolina Borges a um jornal desportivo nacional, vimos por este meio repor a verdade dos factos:
A exclusão da atleta
Em primeiro lugar, a Chefia de Missão nacional não excluiu a atleta dos Jogos, dado que foi a própria que decidiu auto-excluir-se da prova. Em virtude dessa decisão, e dado a mesma ter sido tomada sem qualquer justificação para além de um e-mail telegráfico que alegava questões médicas e pessoais, a Chefia de Missão cancelou a acreditação da atleta, mas não sem procurar contactá-la e saber o que se passava. Sem sucesso, como referido ontem, e de forma propositada, como se percebe agora pelo facto de ter tido disponibilidade para falar com a jornalista que assina o artigo, mas não com os responsáveis da Missão Portuguesa. Adicionalmente, esta manhã atendeu pela primeira vez o telemóvel, mas quando o Chefe de Missão se identificou, a atleta desligou de imediato a chamada sem dizer mais nenhuma palavra. Apenas e só o não cumprimento dos regulamentos levou à decisão de retirar a sua acreditação.
Desconhecimento da gravidez da velejadora
A atleta alega estar grávida de três meses, de acordo com a Comunicação Social, algo que para nós é uma total surpresa dado que nunca nos comunicou, como a própria reconhece na entrevista. A atleta contradiz-se ao referir primeiro que foi vista por um médico na Aldeia de Londres e que falou com o fisioterapeuta em Weymouth (existem médicos em Weymouth pelo que se afirma que foi visto pelo fisioterapeuta que seria a única entidade a quem podia recorrer, está a referir-se ao departamento médico nacional ali disponível), dizendo depois que nunca falou com ninguém porque não tinha que o fazer.
Ausência de treinador
Quanto ao facto de não ter treinador, também é falso. O enquadramento técnico da Vela é da responsabilidade exclusiva da Federação Portuguesa de Vela, sendo que o faz, por classes e não por atletas. Pelo que há um treinado responsável por essa classe.
Falta de pagamento de subsídio
Por fim, e quanto ao alegado não pagamento da bolsa, também é falso. Houve um atraso no pagamento da mesma, mas exclusivamente devido a erro da atleta na entrega dos dados para a transferência. A transferência foi feita no dia 21 de Junho de 2012, contudo a mesma foi devolvida devido ao facto do ABA Number não estar correcto pois, de acordo com o banco, deveria ter oito dígitos. A situação foi reportada à atleta, por correio electrónico, no dia 11 de Julho, dado que apenas fomos informados pelo banco nessa altura.
A atleta reenviou os seus dados no próprio dia e dado o ABA Number continuar com nove dígitos, o departamento financeiro do COP entrou em contacto com o banco para perceber qual seria o erro de forma a regularizar-se a situação. Assim, no dia 4 de Julho regularizou-se a situação referente ao pagamento das bolsas em atraso, tendo sido feito o pagamento do último mês no dia 27 de Julho. Como tal, não há qualquer valor em falta da parte do COP para com a atleta, ao contrário do que afirmou.
Tal como explicado ontem pelo Chefe de Missão, a atleta incumpriu com os regulamentos da Missão. Concluímos em face das suas declarações que a atleta omitiu deliberadamente a sua situação, dado que em nenhum momento nos comunicou a hipotética gravidez que agora declara. Ao contrário do que afirma também, a atleta está obrigada pelo contrato assinado a reportar toda a situação clínica, o que nunca fez. A sua capacidade ou incapacidade para competir terá de ser avaliada pelo departamento médico da Missão Portuguesa, sendo esta a única entidade com competência para tal parecer. Algo que não aconteceu dado que o Departamento Médico da Missão Portuguesa desconhece por completo que a atleta se encontre grávida.
Posições da Missão Olímpica
Aproveitamos ainda para esclarecer que, ao contrário do que alguma comunicação social fez crer, não houve dois discursos dissonantes dentro da Missão. Chefe e Chefe Adjunto da Missão disseram uma e a mesma coisa ainda que por palavras diferentes o que gerou alguma confusão que clarificámos a quem nos solicitou essa mesma clarificação. Infelizmente, não se verificou essa situação com todos os jornalistas, que optaram por assumir que eram versões contrárias.
As palavras de Nuno Delgado, Chefe Adjunto da Missão, sobre um incumprimento contínuo da atleta prendem-se, como explicámos, com o facto de a atleta ter demonstrado sempre um enorme distanciamento do grupo e ter sido muito difícil de contactar, especialmente em situações práticas do dia-a-dia, como referir os seus paradeiros para efeitos de hipotéticos controlos anti-dopagem ou marcação de treinos. Contudo, e apesar das enormes dificuldades, a atleta acabou sempre por dar estas informações.
Dado ser óbvio o incumprimento da atleta, a incongruência do seu discurso, e a omissão deliberada da gravidez que agora declarou, sem que nada possa apontar à Missão Olímpica Portuguesa aos Jogos de Londres 2012, nem ao Comité Olímpico de Portugal, como clarificado acima, esta é a última posição que tomaremos sobre este assunto pois não vamos transformar a participação de Portugal dos Jogos Olímpicos Londres 2012 numa novela paralela que nada tem a ver com Desporto nem com os valores da Carta Olímpica. Estamos aqui para competir e dar o nosso melhor, dignificando o país através do esforço e trabalho que os 76 atletas da comitiva portuguesa sempre demonstraram ao longo de quatro anos, sem que lhes possa ser apontado o dedo nesse compromisso.
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