Laurentino Dias avançou com uma candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP) por sentir que “tinha mais um pouco para dar ao desporto” e confia que vencerá as eleições de 19 de março.

“Felizmente, nós temos em Portugal muita gente que gosta de desporto e também temos algumas pessoas que estão decididas e determinadas a ajudar o desporto a ir para a frente. Eu sou uma delas”, disse para justificar o porquê de ser candidato à sucessão de Artur Lopes.

Depois de ter tido “o privilégio de, durante alguns anos, servir o desporto na função talvez mais delicada e mais responsável, com a pasta do Desporto no Governo, de 2005 a 2011”, o jurista foi percebendo “que ainda tinha mais um pouco para dar ao desporto”, admitiu em entrevista à agência Lusa.

“Conversando com atletas, conversando com treinadores, conversando com federações, concluímos que esta talvez fosse uma excelente oportunidade para eu, de novo, me disponibilizar para trabalhar pelo desporto”, acrescentou.

Com a sua candidatura, ‘fundida’ com a de José Manuel Araújo, o atual secretário-geral do COP, Dias procura responder a dois objetivos, o primeiro dos quais “continuar o trabalho e a missão desenvolvida por José Manuel Constantino nestes últimos anos”, e o segundo responder à exigência inerente ao Contrato-Programa firmado com o Governo para o quadriénio 2024-2028.

“É preciso que haja um COP forte, capaz, competente, renovado e, eu direi mesmo, complementado por mais um conjunto de recursos humanos que vai ter, obrigatoriamente, que contratar, e também de dirigentes para sermos capazes todos de honrar o compromisso do passado e da continuidade com o José Manuel Constantino”, pontuou.

O antigo governante assume orgulhosamente que a candidatura “Unidos pelo Olimpismo” representa a continuidade com o legado do homem que presidiu ao COP entre 2013 e 11 de agosto passado, quando morreu vítima de doença prolongada, não temendo que os novos líderes federativos prefiram ares de mudança.

“Era ele, de facto, o líder do COP de excelência, mas ele tinha um conjunto de pessoas que eram os seus braços direito e esquerdo ao longo destes anos de trabalho. E esses estão nesta candidatura, portanto, não tenha nenhum receio de que haja dúvidas da parte dos novos dirigentes federativos”, disse numa alusão à sua lista, que inclui vários elementos da atual estrutura do COP.

Dias evocou o seu “passado de trabalho ao serviço do desporto”, que é “credor de confiança”, como o seu principal argumento para ser eleito presidente, mencionando ainda a defesa de “princípios e orientações”, como a transparência e a integridade, primeiro dos seis eixos do seu programa

“O nosso Comité Olímpico tem que ser um exemplo de transparência para o país inteiro e, sobretudo, para a comunidade desportiva. Ninguém pode, amanhã, dizer ao COP ‘o senhor não mostra estes documentos, o senhor resguarda a informação’. Porquê? Porque o Comité Olímpico, como outras instituições desportivas, como as federações desde a mais pequena até a maior, que é o futebol, recebem dinheiros públicos”, lembrou.

O antigo secretário de Estado do Desporto quer também continuar a criar “condições físicas” para que os atletas portugueses “possam treinar como é preciso fazer para ser campeões”, e também abrir mais o organismo.

“Tem que ir mais ao país. Não pode estar aqui sediado em Lisboa, sossegadinho da sua vida, a trabalhar e a fazer, ainda que bem, as suas coisas, e aparecer à vista dos portugueses apenas de quatro em quatro anos, quando haja os Olímpicos. Temos que ir junto das pessoas, temos que ir junto das autarquias, temos que ir junto dos clubes e estar presentes. Uma delegação do Norte ajudará a cumprir esse papel”, sustentou.

Dias pretende dar mais atenção às federações não olímpicas, que têm sido “pouco apoiadas” pelo COP e que podem agora beneficiar da criação de instalações desportivas que as possam agregar.

“O COP tem condições para oferecer serviços que, hoje, as federações não olímpicas têm que ir contratar no exterior e que o COP pode fornecer para que elas se desenvolvam de forma mais ágil e, mais, que os poucos meios financeiros de que dispõem sejam dedicados à vida desportiva, à atividade desportiva e não à burocracia fiscal, jurídica, financeira”, enumerou.

O candidato acredita que o seu programa é a sua melhor ‘carta de apresentação’, até por resultar de contributos das federações desportivas, de atletas e treinadores.

“Quem for ler os eixos iniciais e o programa final verá que houve […] houve assinaláveis alterações. O que é que isso quer dizer? Quer dizer que o nosso programa não foi preparado por nenhuma agência de informação ou por nenhum especialista a quem a gente comprou ou solicitou um programa para a candidatura. Não. Foi trabalhado, foi preparado, foi discutido, foi debatido”, notou.

Por isso, Dias está confiante “num resultado positivo, ou seja, na vitória no dia 19” de março.

“Os apoios, as subscrições estão para estas eleições como as sondagens estão para as eleições, as outras. Só no próprio dia 19 é que nós percebemos se a nossa mensagem passou e se nós temos o crédito e a confiança da maioria dos nossos eleitores”, reconheceu.