O português Fernando Pimenta conquistou a medalha de bronze na prova dos K1 1.000 metros na canoagem, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, numa final onde viu a prata escapar por 47 milésimos de segundo.
O húngaro Kopasz ficou com o ouro, ele que liderou quase toda a prova e andou a discutir com o português o primeiro posto. Kopasz mostrou porque é um dos melhores nesta categoria e venceu, batendo o recorde olímpico, com o tempo de 3:20.643, retirando quase dois segundos ao anterior registo que tinha sido fixado por Pimenta na meia-final.
Adam Varga, também da Hungria, terminou em segundo ((3.22,431), ao bater o português mesmo em cima da linha de meta. Pimenta terminou com 3.22,478 minutos.
Nos derradeiros metros, o português quebrou e deixou fugir a prata por 47 milésimos.
As imagens de bronze de Fernando Pimenta em Tóquio2020
A prova começou com uma falsa partida, o que revela bem o nervosismo dos atletas em chegar às medalhas.
No reinício, Pimenta teve uma partida menos boa mas rapidamente assumiu a liderança, sempre com os húngaros na cola. Kopasz passou para a frente na metade da prova, à frente de Pimenta e Adam Varga.
Mas logo a seguir, a 250 metros, parecia que a luta seria entre Pimenta e Kopasz.
No entanto o húngaro disparou e fez uma ponta final muito forte, ao contrário de Fernando Pimenta que foi perdendo fulgor nos derradeiros metros, até ser ultrapassado por Adam Varga mesmo em cima da linha.
Fernando Pimenta começou por ganhar a sua série na primeira eliminatória da prova de K1 1.000 metros dos Jogos Olímpicos Tóquio2020. O canoísta de Ponte de Lima, que liderou, tranquilamente, a prova do primeiro ao último metro, cumpriu a regata praticamente a ‘solo’, em 3.40,323 minutos, batendo o eslovaco Peter Gele, segundo classificado e também apurado diretamente para as meias-finais, por 1,808 segundos.
Nas meias-finais, o canoísta de 31 anos, bateu o recorde olímpico na distância, com o tempo de 3.22,942 minutos, pouco tempo depois do húngaro Balint Kopasz, campeão mundial e principal rival do limiano, ter também batido o recorde olímpico na prova, ao vencer a outra meia-final. No Sea Forest Waterways, Fernando Pimenta concluiu a prova à frente do húngaro Adam Varga, segundo colocado, a 0,692 segundos, do australiano Thomas Green, terceiro, a 1,670, e do argentino Agustin Vernice, quarto, a 1,792, também apurados para a final A.
Depois da estreia auspiciosa em Londres2012, numa longa carreira que engloba 105 pódios em competições internacionais, Fernando Pimenta foi ainda quinto classificado em K1 1.000 metros e sexto em K4 1.000 metros no Rio2016.
"Sei que havia o sonho de o Pimenta ser campeão olímpico. Isto não acabou"
No final da prova, o canoísta português estava feliz com a medalha de bronze.
"Acima de tudo sinto-me feliz, os dois húngaros foram mais fortes e mais rápidos. Dei o meu melhor, que é o mais importante. Fiz um ciclo olímpico em que tive em mais medalhas, fui o mais regular. A minha carreira ainda agora começou", começou por dizer à RTP.
Agora, há que trabalhar para Paris2024 onde poderá chegar finalmente ao ouro olímpico. Pimenta promete trabalhar mais do que nunca para este objetivo.
"Continuar a trabalhar. Queria vencer. Depois de vencer uma meia-final onde geri e bati o recorde olímpico. Quando é assim, estou aqui para representar os portugueses e Portugal. Sei que havia o sonho de o Pimenta ser campeão olímpico. Isto não acabou. Pimenta vai estar cá. Já comecei a pensar em 2032, que vai ser na Austrália. Enquanto tiver força física e mental, podem contar comigo. Têm sido milhares as mensagens de apoios de todos os portugueses. Tenho de agradecer à federação, a todos os portugueses, ao Benfica, aos limianos. Eu recebi mensagens de pessoas de quem eu não pensava receber e que no início desta jornada olímpica me têm incentivado, enviado os prints dos seus despertadores", atirou.
Fernando Pimenta garantiu que o sonho era o ouro mas recordou a prova fantástica dos dois hungaros que terminaram à sua frente.
"Eu queria mais, sonhei com mais. Preparei-me para chegar aqui e lutar pelo ouro. Os dois húngaros foram mais fortes. Se a prova fosse daqui a trinta minutos, sinto que o pódio seria totalmente diferente. Portugal soma três medalhas, mas penso que podem vir mais. Que todos os portugueses que ainda estão em prova continuem a lutar", desejou.
Pimenta prometeu e cumpriu: lutou, sonhou e fez-nos sonhar, mostrou vontade e deixou tudo na água
Antes da viagem para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, o canoísta garantiu que os portugueses podiam esperar um Pimenta "lutador, sonhador, ambicioso, humilde e com muita vontade de representar Portugal e conquistar um grande resultado".
"Vou dar tudo por tudo para conseguir o melhor resultado possível. Já o fiz durante este tempo todo de preparação, com inúmeros sacrifícios, e agora vou desfrutar do processo da competição. Os portugueses podem contar com o Fernando Pimenta de sempre: lutador, sonhador, ambicioso, humilde e com muita vontade de representar Portugal e de conquistar um grande resultado", sublinhou, no aeroporto de Lisboa, antes da partida.
E asssim fez. Lutou com todas as suas forças para acompanhar Balint Kopasz mas o húngaro mostrou estar numa forma assombrosa, como se viu na parte final da prova e no fantástico recorde olímpico.
Fernando Pimenta é o quinto português a ganhar mais do que uma medalha em Jogos Olímpicos
Fernando Pimenta juntou hoje um bronze em K1 1.000 metros, em Tóquio2020, à prata em Londres2012, ao lado de Emanuel Silva, juntando-se a apenas outros quatro atletas portugueses com mais do que uma medalha olímpica.
Só outros quatro atletas, três deles campeões olímpicos, conseguiram ganhar mais do que uma medalha em Jogos Olímpicos, e, em Tóquio2020, Fernando Pimenta foi o único, de três que o podiam fazer, a conseguir a proeza.
A judoca Telma Monteiro não conseguiu dar sequência ao bronze que trazia do Rio2016, enquanto Nelson Évora, campeão olímpico no triplo salto em Pequim2008, despediu-se dos Jogos na qualificação, afetado por uma lesão.
A história do restrito quinteto com mais do que uma medalha começa em Berlim1936, nos ‘Jogos da vergonha’ da Alemanha nazi, com a equipa de saltos em desportos equestres, na qual pontificavam Domingos de Sousa, José Beltrão e Luís Mena e Silva.
O trio conseguiu bronze, mas Mena e Silva havia de voltar, desta feita no ensino, ao pódio nos Jogos, 12 anos depois, em Londres1948, com novo bronze.
Estava feito o primeiro ‘bis’ português, que viria a seguir isolado durante muitos anos, até se encontrar o primeiro campeão olímpico da história lusa.
Carlos Lopes chegava a Los Angeles1984 com uma prata nos 10.000 metros obtida em Montreal1976, e de uma lesão que o afastou da discussão em Moscovo1980, e conseguiu na maratona o primeiro ouro português, com recorde olímpico, só batido em Pequim2008.
A maratona dava frutos, e uma história paralela começava também na cidade norte-americana: Rosa Mota conquistava o bronze na distância, antes de ‘brilhar’ em Seul1988, no lugar mais alto do pódio.
Portugal habituava-se, no final do século XX, a grandes resultados de fundistas, e Fernanda Ribeiro conseguiu o ouro de forma ‘épica’, nos últimos metros, em Atlanta1996, nos 10.000 metros.
Quatro anos depois, em Sydney, foi ao bronze, para ‘bisar’ e se destacar como uma das grandes atletas olímpicas que o país já teve, esperando 21 anos para ter nova companhia no grupo seleto de desportistas com mais do que um ‘metal’ olímpico.
Chegou a vez de Fernando Pimenta, que já trazia uma prata no K2 1.000 metros, com Emanuel Silva, e hoje voltou a estar presente na segunda medalha da canoagem lusa, dando o terceiro pódio a Portugal em Tóquio2020.
Portugal reedita Los Angeles1984 e Atenas2004 e iguala melhor registo olímpico
Com três medalhas conquistadas em Tóquio2020, uma vez que Jorge Fonseca alcançou a de bronze na categoria de -100 kg e Patrícia Mamona arrebatou a de prata no triplo salto, Portugal já igualou o melhor pecúlio em Jogos Olímpicos, reeditando as três subidas ao pódio de Los Angeles1984 e Atenas2004.
Portugal passou a contar com um total de 27 medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos (quatro de ouro, nove de prata e 14 de bronze), duas das quais na canoagem, ambas com a participação de Fernando Pimenta, que integra agora o restrito grupo de atletas lusos com dois pódios no maior evento desportivo mundial.
Carlos Lopes obteve a prata nos 10.000 metros em Montreal1976 e o ouro na maratona em Los Angeles1984, Rosa Mota conquistou o bronze em Los Angeles1984 e o ouro em Seul1988, ambos na maratona, Fernanda Ribeiro foi campeã dos 10.000 metros em Atlanta1996 e bronze em Sydney2000 e o cavaleiro Luís Mena Silva arrebatou duas medalhas de bronze em desportos equestres, em Berlim1936 e em Londres1948.
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