“Sem dúvida que na eliminatória me senti muito bem. Estou supertranquilo, relaxado, confiante. Isso tudo ajuda. O trabalho está feito, a pressão já foi exercida nos dias de treino, mais de 200 dias de estágio, muitos deles só eu e o meu treinador, basicamente isolados, focados no único objetivo que eram os Jogos Olímpicos. O primeiro grande passo para a luta pelas medalhas já está dado, que era a conquista da final. Amanhã [terça-feira] voltamos todos à linha de partida. Vão ser os 1.000 metros da minha vida”, assumiu.

O campeão europeu de K1 1000 assegurou a presença na final com o segundo melhor tempo da primeira meia-final, com 3:33.420 minutos, depois de ter conseguido a melhor marca das eliminatórias, com 3.33,140.

“Na meia-final, houve uma parte que não senti as melhores sensações também devido à ondulação lateral. Acho que o australiano [Murray Stewart] é um atleta de caiaque de mar e de surf ski e está muito mais habituado às ondas. Mesmo assim, também me senti bem. Senti que não dei o meu máximo e consegui, mesmo assim, atingir a final. Amanhã [terça-feira] é outro dia e estamos lá na luta”, referiu.

Na zona mista, após a meia-final, o atleta de Ponte de Lima assegura que não sente pressão e que vai dormir bem esta noite, porque “o treino está feito, o trabalho que tinha de fazer também está”.

“Esse nervosismo ficou em Portugal, agora tenho de dormir com a consciência tranquila com a certeza de que fiz o meu melhor, dei o meu melhor, abdiquei do que tinha de abdicar. Quando isso acontece só temos de dormir tranquilos”, admitiu.

As boas sensações nos treinos e o trabalho “muito bem feito” com o treinador abriu “boas expetativas, mas os Jogos Olímpicos são uma prova diferente”, pois há favoritos que “bloqueiam e há outros que se conseguem superar”.

“Amanhã [terça-feira] também não tenho nada a perder, tenho de dar tudo até à linha da meta. É isso que posso prometer”, referiu.

Sobre os principais adversários para a final, marcada para as 10:12 (14:12 em Portugal continental), Fernando Pimenta disse que serão os outros sete que estarão na pista da Lagoa Rodrigo de Freitas, embora alguns tenham caído prematuramente, como o búlgaro Miroslav Kirchev, o canadiano Adam van Koeverden, um dos seus ídolos, e o húngaro Balint Kopasz.

“Todos, todos os atletas que estão na final estão na luta das medalhas, todos lutaram e deram o seu melhor. Alguns deles se calhar com melhores condições do que eu, mas sinceramente não me posso queixar, porque a federação, os meus patrocinadores, o meu clube, o próprio COP [Comité Olímpico de Portugal] também ajudaram a que tivesse as melhores condições possíveis e agora só tenho uma forma de agradecer, que é dar o meu melhor e trazer um excelente resultado para Portugal”, disse.

Fernando Pimenta gostaria de conseguir a melhor marca de sempre de um campeão olímpico em K1 1000, que foi conseguida pelo norueguês Knut Holman, com 3.25,785 em Atlanta96, “mas com os pés assentes na terra, para não deixar que a confiança estrague o trabalho”.

“Eu preparei-me para fazer esse tempo, 3.25, 3.24. Se as condições estiverem sem vento e sem ondulação acho que consigo fazer esse tempo. O melhor tempo de um campeão olímpico é perto de 3.25,800. Se as condições estiverem reunidas acho que consigo”, assumiu.

Apesar de ser uma das principais figuras da missão portuguesa no Rio de Janeiro, o minhoto diz que se sente apenas “como um atleta como tantos outros, que têm aquela garra e aquela ambição que caracterizam os portugueses”.

“Não sou um herói, nem uma ‘pop star’ como se diz no Brasil, simplesmente sou um atleta ambicioso, que quer conquistar tudo aquilo que estiver ao seu alcance. Vim aqui para a luta e agora é descansar, relaxar e amanhã vão ser os melhores 1.000 metros da minha vida”, referiu.