Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 estariam hoje a 100 dias da cerimónia de abertura, na capital japonesa, mas a pandemia de COVID-19 provocou o adiamento para 2021, pelo que faltam 'agora' 464 dias.
Marcados para decorrerem entre 24 de julho e 09 de agosto de 2020, os Jogos foram adiados em um ano devido ao surto do novo coronavírus e vão realizar-se entre 23 de julho e 08 de agosto de 2021, seguindo-se os Jogos Paralímpicos.
Em março, a decisão esperada foi tomada pelo Comité Organizador, Governo do Japão e Comité Olímpico Internacional, numa posição inédita, uma vez que os Jogos Olímpicos nunca tinham sido adiados, mas antes cancelados, por três vezes e sempre devido às Guerras Mundiais (1916, 1940 e 1944).
Abril e maio de 2020 seriam meses de 'corrupio' na qualificação, com patamares decisivos em várias modalidades: ténis de mesa, vela, andebol, esgrima, taekwondo, remo, ginástica artística, badminton e tiro, no primeiro mês, e karaté, surf, triatlo, canoagem, ginástica rítmica, natação, judo, BTT, skate e natação artística, entre outras provas de modalidades com apuramento por 'ranking'.
Assim, e num momento em que muitos atletas já estariam a contar os dias para a competição, com 'um pé' em Tóquio, cidade que acolheu os Jogos de 1964, mas que já perdeu outros, em 1940, a pandemia de COVID-19 'trocou' a ânsia de competir no maior palco desportivo pela incerteza em torno dos próximos 15 meses.
Outro dos efeitos do adiamento foi o 'remexer' do calendário desportivo para o verão de 2021: provas como o Europeu de basquetebol e os Mundiais de atletismo foram adiadas para 2022, o plano previsível também para os Mundiais de natação.
Para já, estão no ar os planos de dezenas de federações internacionais quanto ao calendário desportivo até ao evento de proa a nível mundial, deixando em suspenso o apuramento de 43% das vagas para Tóquio2020.
Dos cerca de 11.000 atletas que se espera que vão competir, estão qualificados mais de metade (57%), atletas que já sabem que vão reter as vagas para o próximo ano, enquanto em Portugal, dos "70 a 80" esperados pelo Comité Olímpico de Portugal, ainda são apenas 34 os que já têm o 'bilhete' garantido.
Para já, foi estabelecido um grupo de trabalho que junta as entidades organizadoras, que já decidiu as novas datas, enquanto o Comité Olímpico Internacional atualizou os princípios do sistema de qualificação, dando liberdade às federações de cada desporto para definirem novos prazos.
Outra das medidas foi o alargar dos limites máximos e mínimos de idade para participação, relevantes em desportos como a ginástica ou o futebol, num momento em que várias federações internacionais, como a de vela, admitem que a saúde financeira é, de momento, precária.
O adiamento dos Jogos Olímpicos não atrasou apenas o 'sonho' de muitos atletas, com a chama à espera na capital japonesa, mas também os pagamentos devidos a cada modalidade, o que coloca em causa a atividade de alguns destes organismos.
Neste campo, também o Comité Paralímpico Internacional está numa fase em que tem de "temporariamente apertar o cinto", disse em 08 de abril o presidente, Andrew Parsons, devido ao atraso de vários pagamentos relacionados com Tóquio2020.
Na sexta-feira, o diretor executivo de Tóquio2020, Toshiro Muto, explicou que "ninguém pode dizer hoje se a pandemia vai estar controlada em julho de 2021", pelo que se trabalha para que tudo esteja a postos em caso de uma evolução positiva.
Muto manifestou ainda a vontade de que sejam mantidos os contratos com as dezenas de milhares de voluntários acreditados para o verão, assim como o plano para utilizar as 43 instalações desportivas planeadas, algumas delas construídas de raiz e com atividades posteriores já marcadas.
Outro foco de discórdia e incerteza, de momento, prende-se com as habitações construídas na aldeia olímpica, dado que parte das milhares de casas tinham sido já vendidas, com o compromisso de serem entregues ao comprador após o término da competição, agora protelada para o próximo ano.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
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