O presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) mostrou-se hoje convicto de que Sara Moreira só alinhou na maratona do Rio2016 por considerar que estava em condições, mas reconheceu que a decisão de participar coube à atleta.
"Eu não posso, de maneira nenhuma, dizer o que a Sara teve, porque essa é uma questão do foro médico. Nós tivemos relatórios médicos de queixas e é importante dizer-se que são queixas absolutamente comuns a todas as modalidades. Passa-se uma situação de uma queixa muscular, que foi analisada medicamente, e, a partir daí, fica praticamente dependente daquilo que são as respostas da atleta aos treinos que realizou. O que aconteceu foi que a atleta, com os treinos que realizou, achou por bem estar presente na sua prova", começou por dizer Jorge Vieira aos jornalistas.
O responsável federativo vincou que Sara Moreira não veio por vir ao Rio2016: "Isso é liminarmente de pôr de lado, porque é uma atleta que não é uma novata, não vem pela primeira vez aos Jogos. O que tenho de relevar aqui é que é uma atleta de grande valor, que veio cá com todo o espírito de sacrifício para participar nos Jogos e o obter o seu melhor resultado".
Para Jorge Vieira, caso a atual campeã europeia da meia maratona tivesse "o mínimo de certeza e de convicção de que não iria terminar a sua prova", seria a própria atleta a dizer que não estaria presente na sua prova.
"Ao nível médico, não temos qualquer proibição de participar. Há efetivamente um foco de lesão, mas foi deixado também nesta conjugação entre a opinião medica e a do atleta perceber-se até que ponto a participação seria possível. Concluiu-se que a atleta estaria em condições", acrescentou, recusando-se a responder se teria sido melhor Sara Moreira ter abdicado a favor da ‘suplente' Vanessa Fernandes.
O presidente da FPA recordou que, por vezes, é difícil para os atletas distinguir entre as dores normais do treino e focos de lesão. "O próprio stress competitivo, às vezes, provoca queixas que são difíceis de interpretar ao nível médico. Às vezes, há queixas em que se fazem radiografias, ressonâncias e não há nenhuma manifestação visível. Portanto, é muito difícil nestas alturas saber-se o que acontece", frisou.
Jorge Vieira assumiu ainda que as desistências de Sara Moreira e Jéssica Augusto foram uma desilusão, mas sublinhou que todos os atletas têm historiais de desistências na maratona.
"Sabemos que numa maratona, com o calor, a humidade que está, é extremamente difícil partir do princípio que todos os atletas vão acabar. Com certeza que gostaria que as três atletas terminassem. Obviamente, fico sempre triste pela tristeza dos atletas. Vão notar nelas a tristeza de não terem terminado a sua prova", concluiu.
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