O diretor executivo do grupo informático francês Atos, um dos pilares tecnológicos dos Jogos Olímpicos de Paris, disse hoje não estar preocupado apesar das dificuldades financeiras da companhia.

"Não haverá preocupações em relação aos Jogos Olímpicos", entre 26 de julho e 11 de agosto, afirmou Paul Saleh, depois de o grupo ter anunciado um prejuízo líquido de 3,4 mil milhões de euros em 2023, na sequência de importantes desvalorizações de ativos, numa situação de endividamento preocupante, na sequência do recente fracasso da venda de parte da atividade.

Depois de ter iniciado um processo de conciliação amigável com os seus credores, a Atos pretende agora obter "um acordo global" para reestruturar a dívida "até julho".

Anunciou igualmente que tenciona apresentar "os parâmetros do quadro de refinanciamento" durante a semana de 08 de abril, quando tiver 3,65 mil milhões de euros em empréstimos e obrigações para reembolsar ou refinanciar até ao final de 2025.

"Não há preocupações quanto aos Jogos Olímpicos. Acabámos de concluir uma fase de testes operacionais que foi extraordinariamente bem recebida por todos", afirmou Paul Saleh, durante uma conferência telefónica que coincidiu com a publicação dos resultados anuais do grupo francês.

Enfraquecido pelo fracasso das negociações com a Airbus e com o multimilionário checo Daniel Kretinsky para a compra de parte do negócio, a Atos, fortemente endividada, tem de gerir os mais de 300 mil participantes acreditados, a divulgação imediata dos resultados e prestar serviços de cibersegurança.

Parceira do Comité Olímpico Internacional (COI) desde os Jogos de Salt Lake City, em 2002, a Atos é responsável por coordenar e garantir a integração de todos os parceiros tecnológicos e intervenientes nos Jogos de Paris, incluindo Orange, Intel, Cisco, Omega e Panasonic.

Para o efeito, a empresa francesa - com perto de 95 mil funcionários - conta com 300 funcionários dedicados, mobilizados 24 horas por dia, sete dias por semana, durante as competições, afirmou.

A Atos deve também recolher os resultados de cada competição, elaborar as classificações e transmiti-las aos meios de comunicação social "em tempo real para todo o mundo", na forma exigida por cada desporto. Terá também de garantir a entrega das imagens aos canais de televisão.

Relativamente aos serviços de cibersegurança, a Eviden, o ramo especializado do grupo Atos, deve garantir a proteção cibernética de todo o sistema de informação de Paris 2024, das instalações olímpicas, do pessoal e dos voluntários dos Jogos, uma vez que a organização disse já esperar um elevado número de ciberataques durante a competição.

"Temos toda a confiança nas equipas da Atos, parceiras do movimento olímpico há 30 anos e têm uma experiência única para honrar o contrato que as liga ao COI e, portanto, a Paris 2024", afirmou na quinta-feira o Comité Organizador dos Jogos.