A história olímpica portuguesa passou hoje a ser feita por 838 atletas, depois de Susana Santos ter sido a última dos 37 estreantes a entrar em ação nos Jogos Paris2024.

Antes do início dos Jogos da XXXIII Olimpíada, tinham sido 801 os atletas que tinham representado Portugal no mais importante evento desportivo mundial.

Com vários atletas a competirem em edições diferente e até em modalidades diferentes, as participações lusas atingiram as 1.264 em Paris.

Na capital francesa, estiveram 73 atletas portugueses, em 15 modalidades, um número inferior ao das duas últimas edições, ambas com 92, ‘inflacionadas’ pelas equipas de futebol (2016) e andebol (2020), mas pela primeira vez foram mais mulheres do que homens (37 contra 36).

Entre os 37 estreantes por Portugal – Jéssica Inchude já tinha participado pela Guiné-Bissau, mas estreou-se com as cores lusas –, destaque para Iúri Leitão, a grande figura da Missão portuguesa.

O ciclista de Viana do Castelo tornou-se o primeiro português a conquistar duas medalhas numa mesma edição, ao brilhar na pista, com o ouro em madison, ao lado de Rui Oliveira, o primeiro fora do atletismo, e a prata em omnium.

Destaque ainda para os três estreantes do triatlo, com Vasco Vilaça (quinto) e Ricardo Baptista (sexto) a conseguir diplomas na prova individual, conseguindo ainda o quinto posto na estafeta mista, ao lado da repetente Melanie Santos e de Maria Tomé, também a viver a sua primeira experiência olímpica.

Gabriel Albuquerque, quinto nos trampolins, Maria Inês Barros, oitava no fosso olímpico, e Jéssica Inchude, oitavo no lançamento do peso, foram os outros estreantes a conseguir diploma, reservado aos oito primeiros.

Na melhor prestação portuguesa de sempre ao nível de medalhas, Pedro Pichardo repetiu o pódio no triplo salto, mas desceu um degrau, para a prata, e a judoca Patrícia Sampaio conquistou o bronze em -79 kg.

Ao nível de participação, os 107 atletas de Atlanta, nos Jogos do Centenário, em 1996, são ainda o máximo numa edição, sendo que Portugal também ultrapassou a centena (101) em 1992, em Barcelona, números para os quais contribuíram as equipas de futebol (18) e hóquei em patins (10), respetivamente.

Os Jogos Olímpicos começaram em 1896, em Atenas, mas Portugal falhou as primeiras quatro edições, estreando-se apenas à quinta, em 1912, em Estocolmo, na Suécia, com a morte trágica do maratonista Francisco Lázaro, um de seis atletas portugueses presentes.

Em 1920, Portugal levou 14 desportistas, que competiram em esgrima e tiro, e, em 1924, estiveram 29 em Paris, de oito modalidades e a representação lusa conquistou a primeira medalha, de bronze, na prova de obstáculos por equipas, pelos cavaleiros José Mouzinho de Albuquerque, Aníbal Borges de Almeida e Hélder de Sousa Martins

Na edição seguinte, em 1928, Portugal voltou a bater o seu recorde, com 32 atletas em Amesterdão, incluindo a equipa de futebol. Foi, porém, a esgrima a chegar à medalha, de bronze, graças à equipa de espada.

Depois de só levar seis atletas a Los Angeles, em 1932, Portugal também não se fez representar com muitos em Berlim, mas os 19 foram suficientes para o terceiro bronze, de novo para o equestre e na prova coletiva de obstáculos, e quase meia centena (46) foram a Londres1948, com dois ‘metais’, prata para o Swallow dos velejadores Duarte Bello e Fernando Bello e novo bronze no hipismo.

Helsínquia1952, que trouxe mais um bronze, na vela, assinalou a primeira delegação verdadeiramente de ‘peso’, com 71 atletas, incluindo as primeiras três mulheres, em representação das cores nacionais, em 10 modalidades.

Quatro anos volvidos, na ‘distante’ Melbourne, Portugal apenas colocou 12 atletas, em contraste com os 65 de Roma1960, para um recorde de 12 modalidades, com uma prata na vela, antes de um decréscimo de apurados

Vinte e um em Tóquio (1964), 20 na Cidade do México (1968), 29 em Munique (1972), 19 em Montreal (1976) e 11, apesar do boicote norte-americano, em Moscovo (1980), com poucos resultados de monta até ao Canadá, com duas medalhas de prata, de Carlos Lopes nos 10.000 metros e Armando Marques no fosso olímpico (tiro).

Em 1984, numa edição marcada pelo boicote dos países de Leste, como resposta ao impulsionado quatro anos antes pelos Estados Unidos, Portugal contou com 38 atletas e somou, finalmente, o seu primeiro título olímpico, pelo maratonista Carlos Lopes, ao lado de outros dois bronzes, um deles de Rosa Mota, primeira mulher portuguesa medalhada.

O número de portugueses ‘disparou’ para 66, de 13 modalidades, em Seul, na Coreia do Sul, de onde chegou o segundo ouro e primeiro no feminino, obra, novamente, de Rosa Mota, vencedora da maratona.

Em Barcelona (1992) e Atlanta (1996) assistiu-se a uma verdadeira ‘romaria’ portuguesa, com 101 atletas na Catalunha, sem resultados à altura, e 107 nos Estados Unidos, onde Fernanda Ribeiro selou o terceiro ouro luso, nos 10.000 metros, e a vela regressou ao pódio 36 anos depois.

Nas últimas quatro edições, a representatividade baixou, mas Portugal não mais falhou as medalhas – a edição de 1992 foi a última em ‘branco’ –, com dois bronze em Sydney (2000), com 62 atletas, e duas pratas e um bronze em Atenas (2004).

Em Pequim (2008), Nelson Évora (triplo salto) selou o quarto ouro para Portugal, que levou 77 atletas à China e menos um a Londres (2012), onde a delegação lusa foi salva pela prata dos canoístas Emanuel Silva e Fernando Pimenta (K2 1.000 metros).

No Rio2016, uma delegação de 92 atletas, incluindo 18 futebolistas, voltou a conseguir só uma medalha, de bronze, pela judoca Telma Monteiro (-57 kg), umas de 30 mulheres presentes.

Tóquio2020 entrou para a história olímpica portuguesa, com quatro medalhas, feito inédito até então, um ouro, de um dos estreantes, Pedro Pichardo, no triplo salto que ‘deu’ a prata a Patrícia Mamona, e dois bronzes, do judoca Jorge Fonseca e do canoísta Fernando Pimenta.