O belga Remco Evenepoel sente-se “um pouco como Michael Phelps”, depois de hoje ter coroado “o mês mais bonito” da sua carreira com o segundo ouro nos Jogos Olímpicos Paris2024, um feito histórico no ciclismo.
“Cumpri o meu objetivo na Volta a França [subiu ao pódio na estreia] e também nos Jogos Olímpicos, onde queria duas medalhas. São duas medalhas de ouro. É melhor do que alguma vez poderia sonhar”, admitiu em conferência de imprensa.
Uma semana depois de sagrar-se campeão olímpico de contrarrelógio conquistou o ouro na prova de fundo, algo inédito no ciclismo, após uma exibição magistral concluída com uma celebração que também perdurará na história: saiu da bicicleta na linha de meta, colocou-a à sua frente e abriu os braços, com a Torre Eiffel como pano de fundo.
“Foi ideia da minha mulher, tenho de agradecer-lhe por isso. Deu imagens fantásticas. Sinto-me um pouco como Michael Phelps”, explicou sorridente.
Aos 24 anos, e apenas 13 dias depois de ter subido ao pódio final da Volta a França como terceiro classificado, Evenepoel ‘fecha’ o palmarés quanto aos títulos mais importantes por seleções: campeão mundial de fundo em 2022, o ainda vigente campeão mundial de contrarrelógio junta o título olímpico de hoje ao conquistado há uma semana no contrarrelógio.
“Estes Jogos não podiam ser mais perto do meu país, da minha casa. Hoje, tinha muitos apoiantes, a minha família, amigos na berma da estrada. Partilhar isto com toda a Bélgica é muito especial”, reconheceu.
O belga isolou-se definitivamente a 15 quilómetros da meta, mas ainda sofreria um susto, ao furar a cerca de três quilómetros do final.
“Foi um momento muito stressante. Dizendo isso, confesso que acrescenta ‘pimenta’ à vitória”, declarou.
O vencedor da Vuelta2022, que cumpriu os 273 quilómetros em 06:19.34 horas, estragou a festa francesa, com a nação organizadora destes Jogos a ficar com as outras duas medalhas: Valentin Madouas foi segundo, a 01.11 minutos, e Christophe Laporte terceiro, a cinco segundos do seu compatriota.
“Foi duro deixá-lo”, disse sobre Madouas, o único capaz de o seguir durante mais de uma dezena de quilómetros, depois de ter atacado em Montmartre.
Evenepoel, que este ano venceu também a Volta ao Algarve pela terceira vez e soma já 58 vitórias na carreira, recusou mais uma vez as comparações com Eddy Merckx.
“Sou eu próprio, não podemos comparar épocas. O Eddy alcançou mais coisas do que eu. Eu estou a construir a minha carreira à minha maneira, e por agora isso satisfaz-me”, concluiu.
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