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Mário Santos defende que Portugal deveria «ter sempre como objetivo a conquista de medalhas».
O Chefe de Missão a Londres2012, Mário Santos, defendeu hoje no Porto a criação de «objetivos quantificáveis» de Portugal em Jogos Olímpicos, bem como a implementação de «mecanismos de monitorização da preparação e avaliação final».
«Precisamos de objetivos bem definidos e depois elaborar programas e formas de os controlar, com as pessoas mais capazes a tomar as melhores decisões, sempre com responsabilidades claras e partilhadas», disse, durante um colóquio promovido pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Mário Santos sustentou a sua opinião com o «conteúdo vago» do contrato-programa com o Estado para Londres2012, que determinava como objetivo «aumentar o nível qualitativo da participação»: «Depois, quando me perguntam, é difícil responder, pois não sei quais eram as expetativas. Três ou quatro medalhas? 30 pontos? 10 finais? Ser último na mesma, mas reduzir o tempo de diferença para o primeiro? Deveríamos ter atitude mais proativa».
O dirigente defende que Portugal deveria «ter sempre como objetivo a conquista de medalhas» e que, para isso, deve «assumir uma estratégia clara, com resultados quantificáveis».
«Quando falamos na conquista de resultados desportivos, não podemos tratar de todas as modalidades por igual, irmos lá para competir e tentar ganhar em tudo. Temos de saber o que queremos, em que desportos poderemos ter mais êxito e apostar mais neles. É assim que países com menos população e recursos financeiros do que Portugal conquistam bem mais medalhas», explicou.
Mário Santos recorda que «o país tem desinvestido na alta competição, bem como no desporto escolar», situação que, em seu entender, «deveria obrigar a melhor estratégia, bem como superior cuidado e rigor nas opções que são tomadas».
O Chefe de Missão considera que «o sistema português está obsoleto e sem organização», entendendo que «esta é a única explicação para que a canoagem, que nos últimos anos tem conquistado dezenas de medalhas internacionais para Portugal em Londres2012 conseguiu o único pódio para o país e somou 14 dos 28 pontos da Missão, seja apenas a 23.ª federação em termos de apoios públicos».
«Não devemos ter medo de tomar opções e assumir as responsabilidades. Quantificar, acompanhar, monitorizar. E, no fim, avaliar e tomar as decisões mais adequadas na sequência dos resultados», concluiu.
Fernando Pimenta, medalha de prata em Londres2012 em K2 1.000 com Emanuel Silva, apelou a um «maior investimento no desporto, não só em termos monetários, mas também com a concretização de projetos que facilitem a vida presente e futura dos atletas de alta competição, que noutros países têm uma segurança de vida que não existe em Portugal».
«Os responsáveis políticos e desportivos deste país deveriam falar mais com os atletas. Ouvi-los. Entender as suas preocupações e ajudar a potenciar o seu melhor desempenho desportivo», reforçou.
O canoísta revelou ainda a «esperança de que todas as modalidades olímpicas tenham o reconhecimento merecido», pelo que entende que «seria melhor que o futebol, modalidade completamente profissional e que tem vários eventos de grande impacto internacional, não integrasse o programa dos Jogos, pois retira visibilidade a outros valores».
«A ausência de cultura e prática desportiva nos hábitos dos portugueses» foi outra das «preocupações» reveladas por Fernando Pimenta, que sugere ao Estado «maior atenção ao problema».
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