Tem sido atribulado o percurso de Pichardo desde que chegou a Portugal.

Os conflitos com alguns atletas, como aconteceu com Nélson Évora, mas não só, têm deixado transparecer alguns problemas relacionais do atleta com colegas e instituições. Uma delas, o Benfica, clube que ainda representa e cujo contrato termina nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.

A poucos dias dos Jogos Olímpicos Paris 2024, competição que contará com Pichardo, o presidente do Comité Olímpico Português (COP) fala sobre a difícil personalidade do atleta, mas garante haver uma relação saudável entre as partes.

"Não é uma personalidade fácil, é uma personalidade que tem de ser gerida com muito cuidado, mas o COP […] tem tido uma relação perfeitamente normal, cordial e colaborante", afirmou, em entrevista à agência Lusa.

Nos últimos tempos a relação com o Benfica tem sido conturbada. Depois de várias polémicas, Pichardo esteve quase um ano sem treinar.  Sem aceitar o processo de filiação na plataforma da Federação Portuguesa de Atletismo, uma das origens do desentendimento, o atleta chega às Olímpiadas sem resolver a situação com o clube encarnado. Contudo, diz José Manuel Constantino, Pichardo chegou pedir-lhe auxílio para que Rui Costa, presidente das águias, o recebesse na Luz para que pudessem conversar.

"O Pedro Pichardo pediu-me uma reunião. Veio aqui com o pai. E solicitou-me que eu intercedesse no sentido de ele ser recebido pelo presidente do Benfica. Coisa que ele estava a tentar e não conseguia, porque pretendia dar a sua versão dos factos. Não que o Benfica estivesse em falta com ele do ponto de vista das suas obrigações laborais, mas havia um conjunto de problemas e de conflitos”, começou por contar José Manuel Constantino.

O líder máximo do Comité falou com Fernando Seara, presidente da Mesa Assembleia Geral do clube, a quem explicou a intenção de Pichardo. O processo andou, mas sem êxito. E sem que se percebesse porquê, segundo o próprio.

"Pedi que intercedesse junto do presidente do clube para que o recebesse. Passado algum tempo, o Dr. Fernando Seara enviou-me uma mensagem a dizer: ‘O assunto está resolvido, ele vai ser recebido’. Internamente, perguntei se tinha havido alguma evolução, ninguém me soube responder. Esta semana estive com o doutor Fernando Seara e perguntei-lhe: ‘Mas afinal ele foi ou não foi recebido’? Ele respondeu-me: ‘Não’. Não posso dizer mais nada", revelou.