Numa prova corrida debaixo de chuva, Rui Pedro Silva terminou no 123.º posto, com um tempo de 2:30.52 horas, e Ricardo Ribas foi 134.º, com 2:38.29, marcas muito longe dos recordes pessoais e inferiores à conseguida por Dulce Félix, 16.ª na maratona feminina (2:30.39), sendo as duas piores participações lusas na distância.
“Acho que chegar ao fim já é bom. Claro que vinha com outros objetivos, mas a maratona é isto mesmo. Por volta dos 15 quilómetros comecei a sentir cãibras no posterior direito, depois foi gerir para chegar ao fim”, assumiu Rui Pedro Silva, que tinha desistido em Londres2012.
Apesar de ter sentido grande dificuldade para acabar, Rui Pedro Silva disse que meteu na cabeça que “tinha de chegar ao fim, fosse com que tempo fosse”.
“Às vezes há coisas que não se explicam. Treinei bem, em condições complicadas, com muito calor, para chegar cá e me adaptar bem. Hoje talvez não era o dia”, referiu.
Apesar de ter estado lesionado e apenas ter começado a treinar em maio, Rui Pedro Silva assumiu que estava “a treinar bem, forte, ao mesmo ritmo do que quando preparava as outras maratonas” e que “os indicadores eram bons, mas hoje não era o dia”.
“Fiz uma preparação ideal, não tirava uma vírgula à minha preparação, mas hoje não foi o dia. Nunca estive bem na corrida... Cumpri um sonho pelo facto de estar aqui, mas prometi a mim mesmo que acontecesse o que acontecesse tinha de acabar. Nunca sofri tanto como hoje, nem nunca pensei que podia vir a sofrer tanto, mas tinha de acabar e foi até ao fim”, afirmou Ricardo Ribas.
O atleta do Benfica, de 39 anos, diz que “nem em treinos” fez uma maratona tão lenta como a de hoje.
“Prometi a mim mesmo que tinha de acabar e os Jogos são os Jogos, foram os meus primeiros, não sei se voltarei a outros. Recebi uma mensagem de um ex-treinador, o Rafael Marques, a dizer que tinha de acabar e chegar ao fim e pensar que estava feliz. Foi o que fiz, pensei muito nele nos últimos 10 quilómetros, na mensagem que mandou e foi uma pessoa que me ajudou muito a terminar hoje”, assumiu.
Ricardo Ribas garantiu que fez “18 quilómetros sem sumo nas pernas” e que “já não tinha mais nada para dar”, dizendo ter sofrido muito a nível físico e psicológico.
“Foi tudo. É o físico, é o psicológico a querer parar, as pernas a quererem parar, são as pessoas a dizerem para não desistir, é tu pensares que já não tens mais nada, é como espremeres uma laranja e ela já não tem mais nada e ainda tens de fazer mais 10 quilómetros”, descreveu.
Ribas diz que não consegue explicar o que aconteceu na corrida de hoje, foi “um dia”, lembrando como garantiu a presença no Rio2016.
“Eu preparei-me para obter a marca de qualificação, cheguei a Hamburgo e desisti. Passado uma semana fui e fiz 2:13.20 horas e bati o meu recorde pessoal. Como é que se explica isto? Não consigo explicar”, disse.
Questionado sobre se não teria sido melhor desistir do que terminar com um tempo cerca de 28 minutos superior ao recorde pessoal, Ricardo Ribas garante que isso “é um pau de dois bicos”, pois “se desistisse criticavam, se terminasse com 2:38 vão criticar”.
“Isso não me interessa, o que me interessa é que tenho uma carreira de 30 anos, tenho o meu passaporte limpo, tenho títulos, tenho 35 internacionalizações”, referiu.
Ainda antes de falar com os maratonistas, o líder da equipa de atletismo portuguesa nos Jogos Olímpicos, Paulo Bernardo, disse, à agência Lusa, que os dois atletas se prepararam com uma expetativa de “ficar a meio da tabela, para cima dos 50 primeiros”.
“Não conseguiram chegar a esse lugar, as condições estiveram difíceis para todos. Os nossos atletas não conseguiram chegar onde queriam, fizeram os 42 quilómetros com grande sofrimento e, infelizmente, não conseguiram fazer mais do que o que fizeram”, assumiu.
O queniano Eliud Kipchoge conquistou hoje o título olímpico da maratona, ao vencer a prova em 2:08.44 horas, superando em 1.10 minutos o etíope Feyisa Lilesa (2:09.54), medalha de prata, e em 1.21 o norte-americano Galen Rupp (2:10.05, medalha de bronze.
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