A saída do breaking do programa olímpico de Los Angeles2028, recebida com tristeza e surpresa, cria um ‘fosso’ entre Paris2024 e a provável reentrada em 2032, alerta à Lusa a presidente da Federação Portuguesa de Dança Desportiva (FPDD).

“[Temos de] Manifestar a nossa tristeza perante esta decisão, mas isto também envolve muita política, e a política e o dinheiro muitas vezes põem-se à frente dos interesses do desporto. Melhores dias virão”, afirma a presidente da FPDD, Marina Rodrigues.

O breaking, um tipo de dança urbana que mistura expressão cultural e desporto, fará a estreia olímpica em Paris2024 mas é a única modalidade sem continuidade em Los Angeles2028, que terá 35 modalidades, cinco novas.

Este momento é um revés “sobretudo para os atletas, que estavam muito motivados em que a modalidade fosse olímpica”, a treinar e “procurar apoios”, trabalhando para lá representar Portugal.

“Agora, de um momento para o outro, tiraram-lhes o tapete. Estão muito tristes. A federação vai continuar a trabalhar com estes atletas e a dar-lhes condições, esperemos que as instituições nos ajudem. Vamos pensar em 2032”, nota.

Uma carta pública da federação internacional da modalidade realça, de resto, “que é quase certo que [o breaking] voltará em Brisbane”, a cidade encaminhada para receber a edição seguinte, mas é com estranheza e surpresa que esta ausência se dá nos Estados Unidos.

“O breaking nasce nos EUA. Como é que não acolhem esta modalidade? É transversal no mundo, muita gente a pratica. (...) É um grande tiro no pé”, lamenta.

Em Portugal, “tudo vai continuar como estava projetado”, com os atletas “muito focados no projeto olímpico”, mas o intervalo entre um e outro ciclo levará a uma necessidade de serem apoiados ‘por fora’.

“O financiamento da federação depende das instituições, do Governo e do Instituto Português do Desporto e Juventude. Não temos receitas próprias, patrocinadores, a não ser das nossas associações e escolas, uma verba muito baixa que não permite responder às exigências de todos os atletas. Esperemos que o Estado português e as instituições ligadas ao desporto continuem a apoiar esta modalidade”, apela a dirigente federativa.

O breaking chegou ao movimento olímpico em 2018, ao entrar nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, e estará, de resto, em Paris2024 e no próximo evento de atletas jovens, Dakar2026.

A saída do programa olímpico tem eco no karaté, que se estreou em Tóquio2020 e foi excluído para a edição seguinte.