“Acho que está a ter um impacto avassalador, está a superar as expectativas, o que é muito bom para o surf, como modalidade. Tenho tido reações de muitas pessoas, um pouco de todo o lado, de pessoas que têm estado coladas aos ecrãs para ver a competição, que tenta juntar os 20 melhores surfistas do mundo de cada género, 10 provenientes da Liga Mundial de Surf [WSL] e outros tantos da Associação Internacional de Surf [ISA]”, explicou o juiz, de 46 anos.
Praticante da modalidade, Nuno Trigo começou a avaliar competições regionais, chegou ao circuito mundial de qualificação em 2005 e ao principal em 2008, conseguindo, facilmente, justificar a aposta na modalidade para o programa olímpico.
“O surf aparece nos Jogos Olímpicos numa abordagem inteligente do Comité Olímpico Internacional [COI], para cativar o interesse dos jovens urbanos por novas modalidades, como o surf, o basquetebol 3x3 e o skate. O surf aproveitou esta tendência e está a ter um impacto gigante”, reiterou.
Apesar da ausência de Frederico Morais, que falhou a competição por estar infetado com o novo coronavírus, Portugal está representado na prova feminina por Yolanda Sequeira, que hoje avançou para os quartos de final, e Teresa Bonvalot, que foi eliminada na terceira ronda.
Além dos surfistas, Nuno Trigo representa também Portugal, sendo um dos 27 oficiais, juízes e árbitros em várias modalidades, nos quais conta com o maior contingente no futebol, com os quatro elementos da equipa chefiada por Artur Soares Dias.
“Este painel de juízes também foi nomeado pelas duas instituições [WSL e ISA] e eu, felizmente, fui chamado e estou extremamente orgulhoso de representar o nosso país na primeira vez que o surf está nos Jogos”, realçou.
Apesar de longe da Aldeia Olímpica, numa ‘bolha’ sanitária em Chiba, a cerca de 100 quilómetros, juízes e responsáveis pela competição ainda conseguem experimentar as ondas, mas apenas na praia que acolhe a prova, que acaba por ter semelhanças com os campeonatos dos circuitos mundiais.
“Relativamente aos campeonatos da WSL a diferença é pouca, uma prova do circuito mundial recorre a 10 a 11 dias de espera e precisa de três dias e meio para se realizar, aqui, apesar de parecer rígido, há oito dias, com um dia extra, e são precisos três”, explicou.
A conclusão das provas de surf foi antecipada pela organização de Tóquio2020, para terça-feira, com o agendamento da prova masculina para as 15:46 locais (07:46 em Lisboa) e da feminina para as 16:31 (08:31).
Sobre a sua função, muitas vezes contestada, também não existem diferenças.
“A metodologia de avaliação é toda igual, são feitas cinco avaliações, são excluídas a mais alta e a mais baixa e as três do meio fazem a média”.
Outra avaliação, mais fácil de fazer, prende-se com a evolução da modalidade e, quanto a isso, Nuno Trigo não tem dúvidas: “A pandemia [de covid-19] fez crescer o surf, promovendo um enorme investimento nos últimos dois anos de grandes marcas na modalidade, acentuando a tendência da última década”.
E Portugal tem sido um exemplo disso, segundo Nuno Trigo, com a organização de etapas dos vários circuitos mundiais e a promoção da modalidade, a nível profissional e também lúdico-turístico.
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