Com uma das comitivas mais experientes da Missão de Portugal a Tóquio2020, a seleção de ténis de mesa perspetiva uma prestação de mérito, assente nas vivências passadas, mas sem promessa de medalhas nos Jogos Olímpicos.
As cores nacionais vão ser representadas por Marcos Freitas, Tiago Apolónia e João Monteiro, na vertente masculina, e por Fu Yu e Shao Jieni, nos femininos, todos com experiência na prova.
“Felizmente, nos últimos anos, temos obtido grandes resultados para o ténis de mesa português e, por isso, já estamos à espera da pressão das pessoas por medalhas. Mas isso é um bom sinal, significa que temos feito bem as coisas”, afirmou João Monteiro.
O atleta de 37 anos, natural da Guarda, lembrou o “histórico” quinto lugar por equipas amealhado em 2012, em Londres2012, como sinal de motivação para esta nova experiência olímpica em Tóquio.
“Queremos continuar a habituar o público que o ténis de mesa consegue bons resultados para Portugal. A pressão existe sempre, tal como a motivação. Mas vai ser importante o desfecho do sorteio, porque uma coisa será defrontar primeiro equipas europeias, que estão ao nosso alcance, outra será encontramos, por exemplo, uma potência como a China”, ressalvou João Monteiro.
A ideia é partilhada por Tiago Apolónia, que tal como o companheiro de equipa vai somar a quarta presença olímpica, embora desta vez com contornos diferentes, uma vez que os Jogos foram adiados em um ano, devido às contingências da pandemia de covid-19.
“Apesar da incerteza complicar um pouco a gestão, tentei abstrair-me disso porque será igual para todos. Demos o melhor no planeamento, e mesmo não tendo tantas provas internacionais de preparação, isso não servirá de desculpa. Esperamos até que seja uma vantagem para nós”, disse o jogador lisboeta de 34 anos.
Também diferente será a falta de público nas bancadas, mas Tiago Apolónia assegurou a adaptação.
“Jogo na Alemanha e já tive essa experiência de ter os pavilhões vazios. Vou tentar que não seja um problema e que possa mesmo ser um ponto a meu favor”, acrescentou.
A experiência da comitiva lusa de ténis de mesa é vincada com a presença de Marcos Freitas, outro dos protagonistas da melhor geração portuguesa da modalidade, que também vai para a quarta presença olímpica, e vê na união e vivência do grupo um dos grandes trunfos.
“Conhecemo-nos muito bem, e juntos já conseguimos vários êxitos. Essa ligação pode ajudar-nos a chegar o mais longe possível. Não somos cabeças de série, mas vamos com o sonho das medalhas. Pelo que já fizemos no passado, sabemos que dando o máximo tudo pode acontecer”, disse o madeirense, de 33 anos.
Ainda assim, apesar dessa experiência, Marcos Freitas confessa que, no seu caso, a ansiedade é sempre maior em cada participação, até pela incerteza que a presença nos Jogos Olímpicos se possa repetir.
“Sinto cada vez mais a pressão. Há sempre a expectativa de darmos tudo, porque não sabemos se vamos ter mais oportunidades para chegar a uma inédita medalha”, completou o atleta.
Essa ideia de ‘correr contra o tempo’ no que toca às oportunidades olímpicas também o sente Fu Yu, que, aos 42 anos, vai repetir a presença do Rio2016.
“Estou contente e orgulhosa por voltar aos Jogos Olímpicos e espero fazer melhor resultado do que a primeira presença. O estágio correu bem e treinamos com os melhores. Sabemos que as medalhas serão difíceis, porque podemos encontrar os adversários da Ásia que são muito fortes, mas vou dar o meu melhor”, afirmou Fu Yu, que vai disputar o torneio individual, tal como Shao Jieni.
A pressão dos lugares do pódio foi, desde logo, retirada pelo presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa (FPTM), que preferiu focar a atenção na boa preparação feita pelos atletas.
“Temos uma comitiva experiente na participação nos Jogos e encaramos esta presença com grande orgulho e tranquilidade, procurando um resultado de mérito tal como já aconteceu. O importante é que possam usufruir desta nova experiência”, disse Pedro Moura.
O dirigente mostrou-se satisfeito com a preparação que foi completada pela seleção lusa, não considerando que as contingências da pandemia possam fazer mossa no grupo.
“Se há parte da delegação portuguesa que tem experiência em lidar com esta pandemia é a equipa de ténis de mesa. Fomos das primeiras modalidades do programa olímpico a regressar ao trabalho após o confinamento. Como presidente, durmo com a consciência tranquila de que tudo fizemos para ser possível os atletas apresentarem-se bem em Tóquio”, concluiu o líder da FPTM.
Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 vão ser disputados entre 23 de julho e 08 de agosto.
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