Enquanto a Rússia reúne forças para invadir a Ucrânia, uma outra 'revolução' proveniente de Moscovo já abalou Pequim, onde decorrem os Jogos Olímpicos de Inverno. Falamos de Kamila Valieva, que na última segunda-feira fez história na patinagem artística. Com apenas 15 anos, a patinadora tornou-se a primeira mulher a executar com sucesso um salto quádruplo em competição, dando a segunda medalha à Rússia em Pequim.
Ao som do Bolero, de Maurice Ravel, Kamila Valieva executou um Salchow quádruplo logo na abertura do seu programa, conseguiu um 'toe loop' quádruplo e falhou a aterragem no segundo.
Mesmo com esta penalização, o programa de Kamila arrecadou um total de 178.92 pontos - 30 pontos acima da japonesa Kaori Sakamoto, que alcançou a segunda melhor pontuação - e acabou por garantir a medalha de ouro para o Comité Olímpico Russo na prova de estilo livre por equipas.
“Quando eu tinha três anos, desejei ser campeã olímpica”, disse Kamila Valieva após competir. "Sinto o peso da responsabilidade, mas acabei por sair vencedora. O meu sonho de infância realizou-se", exultou a jovem patinadora, que já havia vencido o programa curto.
Da Rússia, com amor
Kamila Valieva nasceu em Kazan, mas aos seis anos mudou-se para Moscovo, onde começou a praticar ginástica, ballet e patinagem artística. Apenas a última paixão subsistiu, e com o objetivo claro de apostar numa carreira profissional. Para isso contou com o apoio de um nome lendário da patinagem artística: Eteri Tutberidze, responsável pela campeã olímpica em 2018, a também russa Alina Zagitova.
Aos 11 anos, Kamila começava a ganhar o gosto da competição e apenas dois anos depois entrou no circuito internacional, tendo sido campeã júnior mundial (2020) e sénior europeia (2022) até à primeira medalha olímpica, alcançada na segunda-feira.
"Os primeiros Jogos Olímpicos que vi foram os de Sochi [em 2014]. Lembro-me de ter gostado do programa livre da Iulia Lipnitskaia. Depois os Jogos foram na Coreia, onde torci pela Evgenia (Medvedeva) e Alina (Zagitova). E agora é a minha vez de viver estas emoções", exultou a jovem patinadora.
Em 2022, a atleta russa tornou-se a primeira mulher de sempre a superar os 90 pontos no programa curto com um novo recorde mundial de 90.45. Agora em Pequim, também lhe pertence o recorde olímpico com 90.18 pontos no seu programa curto, dedicado à avó que faleceu em 2019.
Perante os vários títulos e recordes amealhados até ao momento por Kamila, há quem já tente encontrar razões lógicas para o sucesso do mais recente prodígio da patinagem artística. A pequena estatura da jovem russa (1,55 metros) parece ajudar.
"Ser de pequena constituição dá jeito. Ombros e ancas estreitas, ainda não ter amadurecido, pode ajudar, porque vai ajudar a ganhar velocidade na rotação", explica a especialista em biomecânica Deborah King, citada pela Reuters.
Kamila Valieva é agora a favorita a vencer a medalha de ouro na competição a solo feminina, que arranca na próxima terça-feira, dia 15.
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