Falta uma semana para a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos Paris 2024, na capital francesa. Uns Jogos Olímpicos que irão muito para além do plano meramente desportivo. Desde o uso do hijab (véu islâmico) à participação de Israel, passando pela qualidade da água do Rio Sena, olhamos para as polémicas que prometem marcar o evento.
A participação de Israel
Será certamente uma das grandes polémicas em Paris. Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o mundo do desporto não hesitou e, instantaneamente, condenou o ato e colocou de parte atletas e equipas russas das mais diferentes modalidades. Com Israel, no entanto, não foi tomada qualquer decisão de monta, apesar da situação que se vive em Gaza.
Presença russa
Uma vez mais, a Rússia não poderá participar em nome próprio nos Jogos Olímpicos. Haverá apenas alguns atletas russos, devidamente autorizados pelo Comité Olímpico Internacional, os quais competirão na qualidade de atletas neutros. Não haverá bandeira russa nas cerimónias de abertura e encerramento e não se ouvirá o hino russo caso algum desses atletas vença os respetivos eventos.
E se Ivan Litvinovich ganhar o ouro nos trampolins?
Situação praticamente idêntica à da Rússia vive a sua aliada, Bielorrússia. E entre os atletas bielorrussos autorizados a competir como neutros estará em ação, na competição de ginástica de trampolim, Ivan Litvinovich, forte candidato à medalha de ouro. Como será a reação caso suba mesmo ao lugar mais alto do pódio.
Competição de ginástica rítmica mais pobre
Sem atletas russos em prova, algumas disciplinas, como a ginástica rítmica ou a natação sincronizada não terão muitas das principais estrelas. A luta pelas medalhas fica mais aberta, mas sem dúvida que as várias provas serão ensombradas por essas ausências.
Esgrimista Olga Kharlan convidada a participar depois de desqualificação que deu que falar
A esgrimista ucraniana foi desqualificada no Mundial da esgrima por se ter negado a apertar a mão a uma adversária russa, quebrando a tradição daquele desporto. Essa desqualificação ditaria, à partida, a sua ausência em Paris, mas o Comité Olímpico Internacional convidou-a a participar.
Proibição do uso do véu por muçulmanas
A França é o único país da Europa que não deixa as mulheres muçulmanas usarem o hijab (véu islâmico), apesar de quer as várias Conferderações Desportivas quer o Comité Olímpico Internacional o permitirem. Várias ONGs, como a Aministia Internacional têm questionado fortemente esta medida que consideram discriminatória.
Basquetebolista francesa Diaba Konatá fica de fora
Entre os desportistas franceses proibidos de competir no seu próprio país está Diaba Konaté. A basquetbolista atua nos EUA, mas não foi convocada para representar a seleção gaulesa em Paris. Isto porque, sendo islâmica, não aceita jogar sem o hijab.
Crise política em França
Paris 2024 chega num momento de extrema complexidade em termos políticos em França. Depois de umas eleições inconclusivas, em que a a extrema direita, depois de uma vitória nas eleições europeias, acabou derrotada logo a seguir, o presidente Macron estará no centro das atenções durante o decorrer dos Jogos Olímpicos em que a mais pequena falha poderá agravar ainda mais a sua já débil situação.
Poluição no Sena
O rio Sena vai ser palco de diversas competições (triatlo, natação em águas abertas). E muito se tem falado da qualidade da água. Apesar de todas as garantias que têm vindo a ser dadas pelas entidades governamentais, muitas dúvidas persistem sobre se a água está em condições, suficientemente limpa, apesar dos cerca de 1.400 milhões de gastos do Paris para tratar das águas do Sena.
Surf no Taiti
A competição de surf terá lugar no Taiti, na Polinésia Francesa, porque não há mar em Paris. para além da distância, há ainda a questão de aquela colónia francesa na Oceania viver também em grande turbulência do ponto de vista político, face à existência de um forte movimento de independência na ilha.
Terrorismo é ameaça
Paris foi alvo, ao longo dos últimos anos, de vários ataques terroristas. Palco de um grande evento como os Jogos Olímpicos, o medo pairará, certamente, no ar ao longo do evento, apesar da segurança será extrema, principalmente durante as cerimónias de abertura e fecho, as quais, desta vez, não terão lugar num estádio, mas sim nas ruas da cidade.
Crise da imigração
Vive-se um pouco por toda a Europa e Paris, claro, não é exceção, tendo a reestruturação urbana levada a cabo para os Jogos Olímpicos criado ainda mais problemas a nível das condições precárias em que vivem muitos dos que chegam a França vindos de outros países. Muitos imigrantes, que chegaram a ter à sua disposição hotéis disponibilizados pelo Estado, perderam esses lugares e foram evacuados para os subúrbios.
Tragédia dos Jogos de Munique'72 relembrada
Em Paris será erguido um memorial será para os 11 atletas e treinadores israelitas assassinados por um grupo terrorista palestino nos Jogos de 1972, em Munique. Mas, de acordo com notícias recentes - e face aos eventos em Gazza - tal ocorrerá fora da Vila Olímpica, num local ainda por revelar, devido a preocupações com possíveis protestos por parte de extremistas.
Atletas afegãs
O opressivo regime talibã não reconhece as três mulheres afegãs que competirão em Paris. Para além do lado desportivo, as três representarão certamente os sonhos de toda uma geração de atletas do Afeganistão e deverão receber muitos aplausos em Paris.
Naturalização de atletas
No desporto, a nacionalização de atletas sempre foi uma questão muito controversa, com muitos atletas deixarem os seus países de origem, seja para fugirem à pobreza, seja por questões políticas, acabando por se naturalizarem e representarem países mais ricos. Cada caso é um caso, mas dá sempre que falar e críticas não faltam.
Atletas transexuais
Mais uma questão complexa e que dá sempre muito que falar: a participação – ou não – de mulheres trans em competições femininas. De acordo com as novas normas do Comité Olímpico Internacional, a transição deve ter tido lugar antes dos 12 anos, para evitar vantagens hormonais.
Nadadora Lia Thomas de fora
Ainda relativo às questões da mudança de género, há desportos que excluem por completo a participação de atletas transexuais, indo além dos regulamentos do Comité olímpico Internacional. É o caso, por exemplo, da natação, o que fará com que Lia Thomas, a primeira campeã universitária transexual nos EUA, em 2022, não esteja em Paris, apesar de ter recorrido a várias instâncias judiciais.
O problema do hiperandrogenismo
O hiperandrogenismo é uma condição natural que faz com que certas mulheres tenham níveis muito elevados de hormonas masculinas. Um fator que lhes confere vantagem nas competições e que faz com que em muitos casos acabem por não ser autorizadas a participar nos Jogos. Em Tóquio, por exemplo, nos últimos Jogos Olímpicos, Caster Semenya, Francine Niyonsaba e Margaret Wambui foram impedidas de participar nos 800 metros devido às regras que limitam os níveis de testosterona permitidos para mulheres.
A equipa de refugiados
A equipa olímpica de refugiados surgiu como uma iniciativa humanitária, mas aos poucos muitos começaram apontá-la como tendo interesses políticos por detrás e voltará certamente a dar que falar em Paris.
Alegado doping chinês pode ensombrar natação
Nos últimos tempos, a China começou a afirmar-se como grande potência na natação. Mas vários nadadores ocidentais acusam a Agência Mundial Antidopagem de ser demasiado negligente e permissiva nos seus testes aos nadadores chineses e certamente não faltarão polémicas nas piscinas de Paris.
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