Depois de ter competido no atletismo regular Carolina Duarte prepara-se para a estreia em Jogos Paralímpicos e Chega ao Rio como campeã europeia dos 100 metros T13, a classe menos severa da deficiência visual, e acredita numa medalha.
“Quero lutar para as medalhas, como é óbvio, e sei que consigo, pelo menos tenho marcas para isso. A medalha é o que eu mais quero”, confessa Cuca, como é conhecida, à agência Lusa.
A viver em Londres desde janeiro do ano passado, Carolina Duarte até esteve para ser classificada e tentar a integração na seleção de atletismo adaptado da Grã-Bretanha, tudo por culpa do seu treinador o inglês Christopher Zah.
“Deixei o atletismo regular em 2013, ainda voltei, mas depois parei. Fartei-me de Lisboa e fui para Londres e continuei a correr e foi ai que o meu treinador me ‘topou’ e desafiou a fazer os testes para tentar entrar na seleção britânica”, conta.
Cuca não fez os testes, por vários motivos, mas também porque "para isso tinha que estar em Inglaterra há cinco anos”.
No entanto, empolgada com a ideia, contactou a Federação Portuguesa de Atletismo, e iniciou o processo de classificação, foi incluída na categoria T13 em 2015 e em junho de 2016 estava a sagrar-se campeã europeia dos 100 metros, com recorde da competição.
“Quando fui ao pódio sabia que era importante para todos. Aquilo que fiz foi de toda a equipa”. É assim que descreve o momento em que recebeu a medalha de ouro em Grosseto.
Carolina já tinha representado Portugal em competições de atletismo regular. Participou na estafeta 4x400 metros nos Europeus de 2012, em Helsínquia, e na Taça da Europa, no ano seguinte, em Dublin.
“Nessa altura toda a gente sabia que eu via mal, mas quando fiz 18 anos a visão começou a piorar e parei”, explica Carolina, licenciada em turismo e com mestrado em gestão.
Desde os Europeus e depois de ter percebido que os Jogos Paralímpicos Rio2016 seriam o próximo desafio, fez uma pausa no trabalho, numa empresa de autocarros turísticos de Londres, na qual cada a dia “é um desafio porque permite conhecer pessoas de todo o mundo”.
As conversas com outros companheiros de seleção já experientes em Jogos Paralímpicos deixaram-na ainda mais curiosa em relação à competição que vai decorrer no Brasil, entre 07 e 18 de setembro.
“Já me disseram que é lindo, que é maravilhoso ter o estádio cheio. Os Europeus foram uma supressa grande, os Jogos vão ser muito maiores”, conta, garantindo estar muito curiosa com a aldeia olímpica.
Quando desafiada a comparar o atletismo regular com o adaptado, Cuca assume que a maior diferença é o espírito de equipa: “Parece-me que no adaptado as pessoas estão muito mais unidas e vivem muito mais os sucessos dos outros.
Carolina Duarte, que além dos 100 metros T13 vai também disputar a prova dos 400 metros, é um das 17 estreantes, de uma comitiva de 37 atletas, que vai representar Portugal nos primeiros Jogos Paralímpicos a disputar na América do Sul.
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