O ciclista Luís Costa comparou-se “ao vinho do Porto” e admitiu ter ficado um “pouco surpreendido” com andamento rumo ao bronze no contrarrelógio da classe H5 dos Jogos Paralímpicos Paris2024, na qual conquistou a medalha que lhe faltava.
“À terceira foi de vez, faltava-me esta medalha no currículo, depois de ter conseguido medalhas em europeus e mundiais. Foi para isto que trabalhei”, afirmou o ciclista, de 51 anos, no final da prova, já junto da companheira e dos dois filhos.
O ciclista de Castro Verde, que percorreu os 28,3 quilómetros da prova em 44.26,32 minutos, a 3.24,73 do vencedor, o neerlandês Mitch Valize, admitiu que estava preparado para um bom lugar, mas confessou ter-se surpreendido com o andamento que conseguiu.
“Eu vinha para chegar às medalhas, sabia que ganhar era difícil, mas a verdade é que fiquei um pouco surpreendido com o andamento que tive. É sinal de que fiz uma boa preparação, de que tive um bom acompanhamento médico, do treinador, do mecânico, de toda a equipa”, afirmou.
O bronze conseguido numa prova em que o francês Loic Vergnaud (43.20,40) foi prata, é dedicado ao pai e à família, que depois de não ter marcado presença nos Jogos Tóquio2020, marcou presença em Paris.
“Esta medalha é para dedicar ao meu pai que está lá em cima, sei que se ele estivesse cá hoje teria muito orgulho em mim, e à minha família, que está aqui, e que tantas vezes sobrecarrego para me dedicar a isto”, afirmou.
Luís Costa, amputado da perna direita, garantiu que a prova foi bem preparada”: “Acordei focado e pensei: ‘Hoje é um dia bom para tentar ganhar uma medalha. Mas sabia que para isso tinha que me superar”.
O apoio da equipa técnica que o acompanhava que, segundo o próprio, “estava eufórica”, foi importante para o ciclista que partilhou um pensamento que teve durante a prova: “Quando terminei a primeira volta, pensei: Vou acima do meu limite, não sei se faço outra volta assim, mas olha vou até rebentar, sempre no ‘red line’”.
Aos 51 anos, e depois de um sexto lugar em Tóquio2020, e de um oitavo no Rio2016, Luís Costa assumiu que se sente “como o vinho do Porto” [quanto mais velho melhor] e, em tom de brincadeira, refere que talvez seja melhor parar em Los Angeles.
“Tem sido sempre a subir, a idade vai avançando e os resultados vão melhorando, eu até tenho medo de continuar até aos 60 e ainda sou campeão paralímpico ou coisa parecida. Se calhar, é melhor parar em Los Angeles2028, se lá chegar”, referiu o ciclista, o mais velho da comitiva portuguesa em Paris.
Luís Costa conseguiu em Paris2024 a primeira medalha do ciclismo português em Jogos Paralímpicos, e elevou para 98 o número de pódios conseguidos por Portugal na competição em 11 participações.
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