A um ano do início dos Jogos Paralímpicos Paris2024, Portugal tem garantidas nove vagas, em quatro modalidades, e os resultados internacionais recentes permitem pensar numa comitiva igual ou superior aos 33 atletas que marcaram presença em Tóquio2020.

“A missão está a criar todas as condições, e a dar todas as condições aos atletas que estão nos projetos para obterem marcas de qualificação e abrirem quotas para o país”, disse o chefe da missão paralímpica portuguesa, à agência Lusa, referindo que estão já asseguradas quatro quotas no atletismo, duas na natação, duas na canoagem e uma no ciclismo, todas não nominais.

Luís Figueiredo destacou os recentes resultados internacionais obtidos pelos atletas lusos em campeonatos do mundo – nomeadamente no atletismo, natação, judo e canoagem -, bem como nos Campeonatos Paralímpicos Europeus, competição na qual os atletas lusos conseguiram 12 medalhas.

O chefe da missão nacional aos Jogos Paris2024, que começam em 28 de agosto do próximo ano, admite a possibilidade de superar a comitiva de 33 atletas que marcou presença nos Jogos Tóquio2020, disputados em 2021 devido à pandemia de covid-19.

Segundo Luís Figueiredo, os bons resultados obtidos recentemente “são o reflexo da qualidade que neste momento o movimento paralímpico tem” e refletem “um trabalho muito sério e empenhado de todas as partes” na preparação.

Sem querer quantificar objetivos no que se refere à conquista de medalhas em Paris2024, depois dos dois bronzes de Tóquio2020, Luís Figueiredo admite ser “um otimista moderado”.

“A missão está toda imbuída do mesmo espírito, que é o de criar as melhores condições para que os atletas possam chegar aos Jogos Paralímpicos de Paris na sua melhor forma e aí gostaríamos que eles atingissem as finais, e nas finais tudo é possível”, afirma, acrescentando: “Acreditamos na qualidade dos nossos atletas”.

Luís Figueiredo reconhece que o facto de o ciclo paralímpico Paris2024 ter menos um ano do que os quatro habituais, devido ao adiamento dos Jogos Tóquio2020, obrigou a uma reprogramação e a esforços acrescidos.

“Quando se termina o ciclo paralímpico, há sempre ali um hiato de tempo em que o atleta descomprime. Neste caso em concreto, os atletas tiveram que reprogramar muito rapidamente a sua preparação”, refere, considerando: “Foi necessário fazer esforços e uma reprogramação da época competitiva, pois em algumas modalidades houve mesmo dois campeonatos do mundo seguidos”.

O chefe de missão, que é um dos vice-presidentes do Comité Paralímpico de Portugal (CPP), enaltece o esforço do Governo na equiparação dos valores de preparação entre atletas olímpicos e paralímpicos, e a dotação de 9,2 milhões de euros para a preparação dos Jogos Paris2024, o que representa um aumento de 32,9% em relação a Tóquio2020.

“O comité paralímpico não pode, nem vai queixar-se, garantidamente da falta de verbas para o movimento paralímpico”, afirma, lembrando, no entanto, que continuam a faltar apoios em áreas como a formação de técnicos e a detecção de novos talentos.

A renovação continua a ser um dos principais desafios do movimento paralímpico, com Luís Figueiredo a considerar que esse “é um problema transversal a muitos países”, e que em Portugal se agrava “devido ao facto de ainda haver nas famílias um estigma muito grande, que é a vergonha de ter um filho com uma deficiência, e que por isso não deve praticar desporto”.

“Estamos a fazer um esforço junto das federações para que se encontrem formas de renovarmos os atletas que vão terminando sua carreira e arranjar substitutos para eles”, afirmou, reconhecendo que o caminho “é longo”.

Nos Jogos Paris2024, que decorrem entre 28 de agosto e 08 de setembro do próximo ano, Portugal somará a sua 12.ª participação no evento, no qual conseguiu um total de 94 medalhas (25 medalhas de ouro, 30 de prata e 39 de bronze).

O apuramento para os Jogos Paralímpicos, que é feito através da abertura de quotas não nominais, obtidas por classificação ou através do ranking de cada uma das modalidades, decorre até abril do próximo ano.