O antigo andebolista do Sporting Mário Santos, a residir na Suécia “por amor” há mais de 30 anos, é o guia da seleção portuguesa durante o Mundial, ajudando “em todos os aspetos práticos, para que nada falte”.

“Tento ajudar em tudo o que seja prático, para que a seleção não tenha problemas fora do campo. Seja com as horas de jogos e planeamento das refeições no hotel, seja com o autocarro, treinos e toda a restante logística”, adiantou.

Mário Santos juntou-se à seleção desde a chegada a Kristianstad, onde decorreu o Grupo D, e vibrou com a passagem de Portugal à ‘main round’ (fase principal), que irá decorrer desde quarta-feira em Gotemburgo, onde já se encontra.

“Desde o momento em que soube que o Mundial ia decorrer na Suécia e que Portugal iria disputar aqui a fase de grupos, ofereci a minha colaboração à federação sueca de andebol, logo no dia a seguir, para não parecer demasiado ansioso,”, explicou.

Mário Santos, de 63 anos, chegou à Suécia há mais de trinta, “muito por amor”, porque no principio dos anos oitenta apaixonou-se por uma sueca em Cascais, com quem viveu em Portugal oito anos, que depois quis regressar ao seu país.

“Como ela quis vir para a Suécia e como o andebol na Suécia era muito desenvolvido, decidi vir para aqui e por aqui fiquei”, recordou Mário Santos, acrescentando que vai com frequência a Portugal rever os muitos e bons amigos que lá deixou.

Apesar de gostar de Portugal, e de ter saudades de algumas coisas únicas no país, Mário Santos não pensa para já em regressar, porque tem a família, aumentada já com netos, casa “e toda a vida organizada na Suécia”.

“As minhas viagens a Portugal poderão é durar mais tempo. Em vez de estar três semanas posso ficar três meses”, explicou o antigo jogador leonino, que continuou ligado ao andebol na Suécia, primeiro como praticante e depois como treinador.

Natural de Luanda, onde nasceu em 14 de abril de 1959, Mário dos Santos teve o basquetebol como primeiro desporto, na altura muito popular, mas foi ainda em Angola que deu os primeiros passos no andebol, no Colégio Maristas de Silva Porto.

Depois do 25 de abril de 1974, Mário Santos mudou-se com a família para Portugal e foi na equipa de juniores do Liceu de São João do Estoril que em 1977 começou a praticar andebol federado.

Pouco tempo depois, transferiu-se para o GD Cascais, onde trabalhou pela primeira vez com Ângelo Pintado e nessa altura soma a sua primeira internacionalização por Portugal, sendo chamado à seleção de esperanças na época de 1979/80.

As boas exibições no Cascais despertaram o interesse de vários clubes no lateral, principalmente do Belenenses e do Sporting, mas a transição para os ‘leões’ só aconteceu na época de 1982/83.

No Sporting, Mário Santos ajudou a conquistar a Taça de Portugal logo na primeira época, apontando quatro golos na final frente ao Encarnação. Nas sete épocas ao serviço dos ‘leões’, conquistou dois Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal.

Além da sua estatura alta, Mário Santos aliava uma imprevisibilidade de remate a uma forte impulsão para conseguir ultrapassar as defensivas adversárias e junto com Carlos Franco, Manuel Silva Marques e Fernando Areia constituiu uma arma importante na primeira linha do Sporting.

Depois de conquistar o título nacional em 1983/84, privando com nomes como Carlos Silva, considerado o melhor guarda-redes português de sempre, Mário Santos foi considerado o melhor jogador do campeonato nacional na temporada seguinte.

Mário Santos foi convocado pela primeira vez para a seleção nacional pela mão de Carlos Manita, para participar no Torneio Internacional de Lisboa, em 1985, e fez também parte dos selecionados para o Mundial C de 1986.

Em 1986/87 deixou o Sporting e partiu para a Suécia, onde se estabeleceu familiar e profissionalmente, mantendo a atividade no andebol ao serviço do Malmo, mas regressaria a Portugal para disputar a fase final pelos ‘leões’, ajudando a alcançar o segundo lugar no campeonato.

Depois de duas épocas na Suécia, regressou a Portugal para cumprir mais duas temporadas ao serviço do Sporting (1989/90 e 1990/91), radicando-se depois definitivamente na Suécia.