Desfrutar da melhor prestação de sempre num Europeu de seleções para inspirar as novas gerações a cimentar a evolução competitiva do país é o objetivo que norteia a Federação de Andebol de Portugal (FAP) após a pandemia de covid-19.

“O andebol passou a estar num patamar em que não tinha estado antes e isso cria ídolos, visibilidade e gosto pela modalidade. A nossa orientação e desejo é voltar rapidamente a esse nível. Continuamos a precisar de projeção e resultados internacionais para motivar e mobilizar os jovens a aderirem”, apontou à agência Lusa o presidente Miguel Laranjeiro.

Antes da declaração de pandemia, em 11 de março, a modalidade vivia a “melhor altura dos últimos largos anos” em Portugal, expressa na sexta posição obtida em janeiro no Campeonato da Europa de 2020, repartido por solo austríaco, norueguês e sueco, que valeu a presença no torneio de qualificação para os Jogos Olímpicos Tóquio2020.

“Olhando à adesão nas redes sociais, ao interesse dos clubes e ao apoio no país inteiro, ficou um sentimento e uma marca muito forte. Voltaremos a ter presença e notícias no futuro e estou certo de que podemos crescer. Há que aproveitar todos os momentos para a projeção motivacional de quem quer seguir os passos dos seus ídolos”, vaticinou.

Além de ter adiado os Jogos Olímpicos por um ano, o novo coronavírus inviabilizou os ‘play-offs’ de apuramento para o Mundial2021, levando a Federação Europeia de Andebol (EHF) a recorrer ao desempenho da formação de Paulo Jorge Pereira no Euro2020 para determinar o regresso de Portugal à maior prova de seleções ao fim de 18 anos.

Miguel Laranjeiro encara o evento a decorrer no Egito, entre 14 e 31 de janeiro, dois meses antes do torneio pré-olímpico, como “contexto ideal” para converter a “atenção muito maior mostrada pelos jovens” antes da covid-19 numa subida dos 49 mil atletas federados registados pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) em 2019.

“O pior que podia acontecer ao país era sair de uma pandemia e entrar numa outra de excesso de peso e falta de atividade física. Portugal nunca esteve bem classificado nesta matéria, que tem consequências brutais, pelo que todos devemos estar preocupados em criar mecanismos para evitar esse rumo e até ganhar mais praticantes”, frisou.

O único candidato ao próximo quadriénio da FAP pede “estratégias nacionais” para uma retoma favorável à “integridade para todos os agentes”, tendo apontado com as outras quatro federações de desportos coletivos de pavilhão - basquetebol, futebol, patinagem e voleibol - o início da próxima época para a terceira semana de agosto.

“Estamos a reunir com os clubes e a delinear estratégias de apoio, mas a resolução deste problema tem de ser conjunta e é muito importante que sejam criadas campanhas públicas a nível nacional, que transmitam confiança aquando do regresso à atividade, indicando todas as regras e cuidados necessários nestes próximos tempos”, sugeriu.

Em 09 de junho, o organismo anunciou o “maior esforço financeiro alguma vez realizado” no andebol, ao formalizar um “conjunto significativo de apoios diretos e indiretos”, estimado em 600 mil euros, que visa “a sobrevivência de muitos projetos, a manutenção do número de praticantes e o regresso à dinâmica reconhecida” da modalidade.

“Quando passamos seis meses com a atividade em pavilhão interrompida é evidente que existem riscos de diminuição de atletas. É nessa perspetiva que adotámos algumas iniciativas, como a isenção de taxas de inscrição de atletas até aos juvenis, sinalizando que é importante as crianças e jovens manterem-se ligados ao andebol”, ilustrou.

Depois da conclusão antecipada da última temporada em 29 de abril, os praticantes federados estão autorizados a fazer treinos individuais, enquanto a estrutura liderada por Miguel Laranjeiro reformula os quadros competitivos, prevendo menos jogos e despesas para que o andebol luso ultrapasse “uma situação que não é culpa de ninguém”.

“Desde a paragem noto um grande esforço de treinadores e dirigentes em manter este sentimento de equipa com os atletas, sobretudo jovens, através das novas tecnologias”, concluiu, recordando que o efeito dos quartos lugares obtidos pela seleção das ’quinas’ nos Mundiais de sub-19 e sub-21 em 2019 pode espicaçar novos desportistas.