A seleção angolana sénior feminina de andebol pode queixar-se de ter “muito azar” na hora do sorteio das grandes competições internacionais, pois regularmente “apanha” a super potência mundial e olímpica Noruega.
Em Zrenjanin, palco do Grupo C, a história repete-se: será na quarta jornada, às 20h15, no arena Kristalna Dvorana.
É um adversário do qual todos querem fugir, mas que poucos conseguem escapar. Por um lado, pode ser proveitoso para as campeãs africanas defrontar as campeãs mundiais agora na fase preliminar, já que na etapa mais adiante cruzar com as norueguesas tornar-se-ia “letal”.
Em cinco ocasiões, o máximo conseguido pelas angolanas foi perder por margem de seis golos e isto sucedeu três vezes, tendo sido a última em 2011, no Brasil (20-26, com 10-16 ao intervalo). No primeiro frente a frente entre ambas potências (africana e europeia/mundial), as nórdicas venceram por 30-18 (margem de 12 tentos), nos Jogos Olímpicos de 1996.
Só em 2005, em São Petersburgo (Rússia), a Noruega sentiu pela primeira vez o aperto de Angola, devido ao rigoroso empate (16-16) ao intervalo, porém a maturidade e frieza das europeias superou o entusiasmo inicial das rainhas de África, fixando o resultado em 30-36.
No ano seguinte, a mesma seleção voltou ao caminho do “sete” nacional no Mundial2007, em França, e manteve a tradição de ganhar novamente (26-32; 14-16), tendo Marcelina Kiala acabado em terceiro lugar na lista de melhores marcadoras da competição e Angola no inédito sétimo posto.
Quando se esperava o encurtar da diferença, Vivaldo Eduardo, o técnico angolano, levou um plantel renovado para os Jogos Olímpicos de 2008 na China e com isso consentiu derrota (17-31) e a pior margem (-14). Essa situação foi rectificada no Brasil2011, com 20-26, voltando à forma antiga.
Se Angola manda em África, a Noruega domina o mundo. Por isso, acumula cinco títulos europeus, dois Mundiais e igual número de ouro nos Jogos Olímpicos. Compará-las só pode ser mero exercício desportivo, embora aqui seja um campo onde as surpresas acontecem.
Com mais condições do que as melhores do andebol africano, cuja federação é jovem (fundada em 1974) e movimenta pouco mais de mil atletas, o mesmo não se reflete com as norueguesas. Ainda assim, a força e a determinação da mulher angolana fazem renascer a esperança de que tudo é possível, mesmo que as escandinavas tenham absoluto favoritismo.
A instituição gestora da principal modalidade na Noruega foi constituída em Maio de 1937 (75 anos). Angola possui quase 18 milhões de habitantes, enquanto a adversária tem aproximadamente cinco milhões, porém com um pormenor: 112 mil praticam andebol.
Dois terços são mulheres e outros 2/3 jovens com menos de 17 anos apaixonadas pela modalidade. A campeã africana (11 vezes) tem pouco mais de 50 clubes, ao passo que o seu oponente da quarta jornada controla 712 em todo país.
A seleção mais temida do momento conquistou os Jogos Olímpicos de 2008 e 2012, venceu os mundiais de 1999 e 2011, além de ser campeã da Europa de 1998, 2004, 2006, 2008 e 2010. Sem dúvidas, o conjunto escandinavo treinado pelo islandês Thorir Hergeirsson desde 2009 vai querer manter o sucesso na Sérvia, confirmando que não é em vão que nos últimos 27 anos ganhou 22 medalhas em provas internacionais. Em 12 anos, a Noruega “confiscou” 12 medalhas (mundiais, olímpicas e europeias).
Antes deste Mundial, Angola disputou cinco partidas. Ganhou duas (Macedónia, 31-24; e Croácia, 29-26) e perdeu três (Sérvia, 21-34; França, 22-25; e Roménia, 18-28), tendo terminado em terceiro no torneio das quatro nações, com quatro pontos. Por sua vez, a Noruega venceu a tradicional Taça Mobelringen, na última semana, ao bater a Coreia do Sul (26-21), Holanda (28-26) e Rússia (32-24).
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