A seleção portuguesa de andebol parte hoje para Montpellier, onde irá tentar a inédita qualificação olímpica para Tóquio2020, de sexta-feira a domingo, lutando com a anfitriã França, Croácia e Tunísia por uma das duas vagas em aberto.

A atravessar um momento sensível, após a morte do guarda-redes Alfredo Quintana em 26 de fevereiro, na sequência de uma paragem cardiorrespiratória num treino do FC Porto, a seleção lusa procura na união do grupo superar a adversidade e marcar presença em Tóquio2020.

Para alcançar a desejada qualificação, sob o lema “por nós e por ele” [Alfredo Quintana], a seleção portuguesa tem que entrar a ganhar no jogo de sexta-feira com a Tunísia, a preparar a sua participação há mais de um mês, e vencer, pelo menos, um dos jogos restantes, Croácia (sábado) ou França (domingo).

O sexto lugar alcançado no Europeu2020, que lhe permitiu marcar presença na qualificação olímpica para Tóquio2020, e o 10.º no Mundial2021, constituem as principais credenciais de Portugal para o confronto com duas das mais conceituadas seleções europeias.

A anfitriã França, campeã mundial por seis vezes e europeia por três, conquistou os títulos olímpicos em Pequim2008 e Londres2012, além de ser a atual ‘vice’, com a prata conquistada no Rio2016, que juntou ao bronze em Barcelona1992.

A Croácia, que já foi campeã mundial por uma vez e por três ‘vice’ europeia – conquistou a medalha de prata no Europeu2020 ao perder na final com a Espanha (22-20) -, também tem no seu palmarés dois títulos olímpicos em Atalanta1996 e Atenas2004, ao que somou o bronze em Londres2012.

A tarefa 'hercúlea' da seleção portuguesa passa não só por vencer na jornada inaugural a Tunísia, uma seleção em ascensão, que terminou em 25.º lugar o último Mundial, no Egito, mas também derrotar, pelo menos, uma das duas seleções tidas à partida como favoritas.

Caso os lusos vençam a Tunísia na jornada inaugural do torneio olímpico, precisam de um triunfo no sábado frente à Croácia, uma equipa que nunca derrotou, dado que soma um empate a 32-32 no Europeu2004 e uma derrota por 24-21 no Europeu2006, para garantir a presença em Tóquio2020.

Ou então de uma vitória no domingo frente à anfitriã França, adversário conhecido de Portugal, que arredou os lusos do Mundial2021, com um triunfo por 32-23, após ter sido afastada na primeira fase do Europeu2020 pela seleção das ‘quinas’, com uma derrota por 28-25.

Sem o malogrado Alfredo Quintana, um dos principais pilares dos êxitos recentes da seleção, nem o lesionado Humberto Gomes, considerado o guarda-redes mais eficaz do Mundial2021, o selecionador Paulo Pereira deposita “total confiança” na baliza nos jovens Gustavo Capdeville, Diogo Valério e Manuel Gaspar.

Também o lateral Gilberto Duarte, igualmente ausente por lesão, tido como um dos melhores jogadores portugueses da atualidade, e muito provavelmente o pivô Alexis Borges, sem treinar há três semanas, estão fora das opções de Paulo Pereira e agravam ainda mais a difícil tarefa lusa de qualificação.

O selecionador recordou na antevisão da participação portuguesa na fase de qualificação olímpica a “resposta excecional” dada pelos jogadores do FC Porto na vitória sobre os noruegueses do Elverum (38-31), para a Liga dos Campeões, no primeiro jogo sem o guarda-redes Alfredo Quintana, e espera “algo idêntico” em Montpellier.

“Vamos defrontar das melhores seleções do mundo, incluindo a Tunísia. A França e a Croácia lutam sempre pelas medalhas”, referiu na altura o selecionador, admitindo que, no atual contexto, as condições de Portugal “modificaram-se bastante e vão exigir uma adaptação rápida”.