A judoca portuguesa Rochele Nunes, que integra a lista de convocados os Mundiais, a disputar em outubro, regressa às grandes competições focada em chegar às medalhas, e iniciar da melhor forma a qualificação para os Jogos Olímpicos Paris2024.

“Nunca tive uma medalha em Mundiais, esse é um objetivo”, disse à agência Lusa a judoca, que compete na categoria +78 kg, deixando uma garantia: “Sinto que volto melhor e mais forte do que antes da lesão”.

Rochele Nunes, que nasceu no Brasil e representa a seleção portuguesa desde 2019, foi forçada a uma paragem de 11 meses, depois de ter sofrido uma rotura do ligamento cruzado durante o Grand Slam de Paris, em outubro do ano passado.

“Fui operada 20 dias depois, e sabia que a recuperação ia ser lenta. Neste período, foi necessário muita disciplina para manter o foco. Tinha três horas de fisioterapia e duas de treinos físicos”, contou.

A judoca do Benfica, que foi nona classificada nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, vai regressar à competição no fim de semana, no Open Europeu de Riccione, em Itália, e está empenhada “em fazer uma boa competição” para aferir o seu estado de preparação.

Rochele Nunes, atual 17.ª do ‘ranking’ mundial, integra a lista de convocados lusos para os Mundiais de Taskent, no Uzbequistão, que se disputam entre 06 e 13 de outubro, na qual as grandes ausentes são Telma Monteiro, a recuperar de uma operação ao joelho, e Patrícia Sampaio, que se lesionou nos Europeus de Sófia.

Jorge Fonseca, bicampeão mundial de -100 kg e medalha de bronze em Tóquio2020, procura em Taskent o terceiro ouro mundial consecutivo, depois de nos Europeus, a primeira grande competição do ciclo olímpico, ter sido afastado na primeira ronda.

Ao judoca do Sporting, segundo da hierarquia mundial, juntam-se no setor masculino Anri Egutidze (-90 kg), que nos Mundiais de 2021 foi bronze nos -81 kg, João Fernando (-81 kg) e Francisco Mendes e Rodrigo Lopes, que vão competir na categoria de -60 kg.

Em femininos, além de Rochele Nunes, Portugal estará representado por Catarina Costa, que em abril se sagrou vice-campeã europeia de -48 kg, Joana Costa (-52 kg), e Bárbara Timo, também nascida no Brasil, que em 2019 foi vice-campeã mundial em -70 kg e que irá competir em –63 kg.

Os Mundiais são a primeira grande competição depois de sete dos 10 judocas do projeto olímpico terem criticado em carta aberta o funcionamento da modalidade em Portugal, denunciando um “clima insustentável e tóxico”, e apelando à intervenção da tutela do desporto.

Os judocas foram, entretanto, recebidos pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, que também discutiu o assunto com o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, e o líder da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes.

Após os encontros, a judoca Telma Monteiro destacou a forma como “ficaram resolvidas algumas questões técnicas”, mas deixou um aviso: “Continuamos em tolerância zero com qualquer falta de respeito que possa continuar a acontecer. Deixámos claro que receamos represálias, mas que fique também claro que iremos continuar a expor e reportar qualquer situação de falta de respeito e consideração, assim como caso não se verifique um cumprimento daquilo que ficou decidido”.