
O judoca português Otari Kvantidze saiu hoje dos Mundiais de Budapeste com um misto de sentimentos, entre a alegria de vencer o melhor do mundo em -73 kg e a desilusão por não chegar à luta pelas medalhas.
“Fiquei triste, honestamente, porque depois de ganhar ao azeri Hidayat Heydarov, campeão olímpico e mundial, fiquei muito mais motivado, só que, depois, perdi com o [Manuel] Lombardo que é vice-campeão do mundo, vice-campeão da Europa”, justificou Kvantidze.
Com o rosto escondido entre as mãos, Kvantidze ganhou fôlego e coragem para explicar o dia, em que derrotou o melhor do mundo, ainda venceu Jack Yonezuka, e perdeu com Lombardo (quartos de final) e Makhmadbek Makhmadbekov, na repescagem.
“São muitas sensações que se juntam. Fiquei feliz, toda a gente estava à espera que eu perdesse, mas consegui lidar com esta pressão e consegui ganhar. O Heydarov foi o melhor judoca do ano passado. E sempre é bom, sim. É isto, há possibilidades e temos de marcar, se não marcarmos também não fazemos história”, acrescentou.
O terceiro dia dos mundiais começou de forma perfeita para o judoca português, de origem georgiana, que aos 14 anos deixou o país natal e era, provavelmente, o menos bafejado pela sorte no emparelhamento do sorteio.
Talvez por isso, foi com gritos de espanto que o público na László Papp Arena reagiu à eliminação do campeão olímpico às mãos do português, que nos quatro combates que efetuou teve, em todos, de lutar com oponentes mais bem classificados no ranking mundial.
“Podia ir muito mais longe porque não sinto que... Podem ser mais experientes, mas não sinto que sejam muito superiores. Não sinto que sejam imbatíveis. Ao contrário, sinto-me que consigo hoje ganhar e é isto que me deixa mais triste”, disse ainda o judoca.
No percurso, ‘Oto’ venceu Heydarov por yuko – a cerca de um minuto do final, sem que ao azeri conseguisse pontuar -, depois derrotou num longo combate, a exigir prolongamento, o norte-americano Jaque Yonezuka, com um ‘waza-ari’ aos 7.14.´
Já nos quartos de final, novo ‘peso pesado’ no caminho do judoca luso, que diante do experiente e conceituado Manuel Lombardo (duas vezes vice-campeão mundial e uma campeão europeu), perdeu, após uma ‘implacável’ chave de braço do italiano.
Na repescagem, Kvantidze defrontou Makhmadbekov, dos Emirados Árabes Unidos, com quem tinha lutado, e vencido, este ano em Paris, mas desta vez foi incapaz de se superiorizar ao quarto cabeça de série nestes Mundiais.
“Foi há cinco meses que lhe ganhei em Paris, quando fiquei em quinto. Mas agora, marquei um ‘waza-ari’ [yuko], só que não estava à espera que ele fosse logo para cima de mim. Não sei muito explicar, é o momento em que acontece. É tudo ‘timing’”, finalizou o português.
Portugal prossegue a competição nos Mundiais de judo na segunda-feira, com a entrada em cena de João Fernando (-81 kg), seguindo-se Taís Pina (-70 kg) na terça-feira, e Patrícia Sampaio (-78 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg), na quarta-feira.
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