Um ataque de “tudo ou nada”, sem fazer a pega da mesma maneira, foi a aposta da francesa Julia Tolofua para eliminar Rochele Nunes nos Mundiais de Tashkent, com a judoca portuguesa a dar mérito à adversária.

“Não chegou a fazer a pega como estava a fazer antes, chegou com um golpe. Então surpreendeu-me um bocado, ela foi para o tudo ou nada [a 25 segundos do final], e, infelizmente, foi tudo”, disse no final a judoca portuguesa.

Rochele Nunes, que regressou em setembro de uma lesão grave, uma rotura de ligamentos que a obrigou a uma paragem de quase um ano, explicou que se sentia bem e que a vitória que extrai da sua passagem por Tashkent é a de ter voltado aos grandes palcos.

"As minhas expectativas estavam bem altas, não dá para mentir. Penso sempre positivo e na vitória, a derrota nem digo que chega a doer porque estou aqui a fazer o que mais gosto, mas ela incomoda-me muito, é difícil de digerir. Mas, ao mesmo tempo, fico contente de poder estar a fazer e de estar bem fisicamente”, acrescentou.

Rochele Nunes garante que é este o caminho para regressar àquilo a que já acostumou as pessoas, a estar no pódio, uma “fome” que tem, apesar de o grande sonho continuar a ser a medalha nos Jogos Olímpicos, os próximos em Paris2024.

“Este é o caminho. O meu objetivo é a medalha nos Jogos e daqui a seis/sete meses já temos outro Mundial, quero um resultado bem diferente. Esta é a minha segunda competição, depois de um ano parada, por isso fico frustrada. Achei que ia voltar melhor, pela preparação que tinha feito. Sinto que voltei bem, mas não da maneira que queria, estava num circuito bom de medalhas”, disse.

No combate em que cedeu nos Mundiais, Rochele Nunes admite que perdeu quando passou a preocupar-se mais com a adversária do que com ela própria.

“Fiquei mais na defensiva (…) Tentei mais pensar no judo da adversária e isso custou-me a luta ali. Devia ter feito o meu jogo, o meu estilo de judo, ser agressiva e ir até ao final. Mas ao mesmo tempo, às vezes, temos que olhar, tentar perceber de fora, não podia arriscar, porque às vezes podia levar um contragolpe. Podia ter focado mais em mim, não tanto na adversária”, explicou.

O movimento de Julia Tolofua foi um ‘ouchi gari’ [uma das projeções no judo], que levou a portuguesa ao ‘tatami’ e no ataque sequencial a adversária fez valer o seu peso (de 120 kg), na rotação, para imobilizar Rochele Nunes.

Após os Mundiais, a judoca que em 2019 trocou a representação do Brasil por Portugal, espera estar nos próximos Grand Slam, em Abu Dhabi e em Baku, além do estágio e prova na Austrália, tudo antes do Masters, já na semana do natal.