O presidente do Comité Olímpico do Brasil (COB), Carlos Nuzman, que foi detido na quinta-feira por suspeita de corrupção e branqueamento de capitais, demitiu-se hoje oficialmente do cargo, anunciou o COB.
Nuzman já tinha anunciado no sábado a intenção de se demitir da presidência do COB e da presidência do comité organizador dos Jogos Rio2016, justificando que tinha de se dedicar inteiramente à sua defesa.
“Para exercer em plenitude o meu direito à defesa, até agora violado, afasto-me, a partir desta data, dos cargos de presidente do Comité Olímpico Brasileiro e de membro da Assembleia-Geral do Comité Olímpico Brasileiro. Afasto-me, também, do cargo de presidente do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016", afirmou Nuzman em carta enviada aos outros dirigentes do COB.
A carta, enviada na sexta-feira e tornada pública no sábado pelo COB, indicava igualmente que Nuzman se demitia também da presidência do comité organizador dos Jogos Rio2016.
Carlos Nuzman foi detido na quinta-feira em casa, no Rio de Janeiro, na zona sul da cidade, no âmbito da operação designada Unfair Play, ramificação da Lava Jato. O seu braço-direito, Leonardo Grymer, diretor-geral de operações do Rio2016, também foi detido. Os dois são acusados de participar de um esquema de compra de votos para garantir que o Rio sediasse os Jogos do ano passado.
Depois da detenção de Carlos Nuzman, o cargo foi assumido pelo vice-presidente Paulo Wanderley.
Na sexta-feira, na sua sede em Lausana, na Suíça, o Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou a suspensão provisória do Comité Olímpico Brasileiro. O COI suspendeu também Nuzman de todas as suas funções e direitos de membro honorário, excluindo-o também da comissão de coordenação dos Jogos Olímpicos Tóquio2020.
Carlos Nuzman, 75 anos, está acusado dos crimes de "corrupção, branqueamento de capitais e participação em organização criminosa", segundo o comunicado publicado pela polícia.
Os procuradores afirmam que Nuzman aumentou o seu património em 457% nos últimos dez anos e que tentou esconder os bens das autoridades.
Em setembro, as autoridades judiciais pediram o arresto de mil milhões de reais (271,2 milhões de euros ao câmbio atual) do património do empresário Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, sócio de Nuzman, por implicação na compra votos no processo de eleição do Rio de Janeiro.
De acordo com a investigação, o agora ex-presidente do COB, integrava “um esquema altamente sofisticado e de âmbito internacional”, o que levou as autoridades brasileiras a pedirem a cooperação de outros países, designadamente, Antígua e Barbuda, França, Estados Unidos e Inglaterra.
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