Deputados angolanos responsabilizaram hoje o Governo pela suspensão de que o Comité Olímpico Angolano (COA) foi alvo, pela Agência Mundial Antidopagem (AMA), por não adequar a lei desportiva aos estatutos daquela organização internacional.

A proposta de Lei sobre Antidopagem no Desporto em Angola começou a ser discutida no Parlamento angolano, na generalidade, apenas no início de fevereiro, tendo sido aprovada na sexta-feira, na especialidade, e em 28 do mês em curso vai à votação final global.

A poucos meses da realização dos Jogos Olímpicos Paris2024, para os quais Angola já garantiu o apuramento nas modalidades de andebol, em seniores femininos, remo, com o atleta André Matias, e canoagem, com Manuel António e Benilson Sanda, o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) Olívio N´kilumbo criticou o Presidente angolano, João Lourenço, por eliminar o desporto da lista de prioridades.

“Primeiro, devemos lamentar e segundo responsabilizar. A falha foi do executivo, sobretudo do Presidente João Lourenço, porque o que nos consta é que este documento foi recebido em outubro e se houvesse necessidade urgente de olhar para o desporto como fator de poder, dever-se-ia enviar este documento ao parlamento e o ónus ficaria com o parlamento por não ter agendado um debate com caráter de urgência para despachar um documento com esta dimensão”, disse.

O deputado da bancada do maior partido da oposição angolana lamentou o facto de o Governo procurar agora sacrificar “vítimas” citando a recente exoneração de Palmira Barbosa do cargo de ministra da Juventude e Desportos angolana, como exemplo.

Segundo o parlamentar, esta situação “coloca Angola numa situação desconfortável, porque o desporto tem o seu valor político e económico, mas também tem o seu valor social de projeção dos estados internacionalmente falando”.

“Se estamos afastados das competições internacionais porque fomos desorganizados, a culpa é do Presidente João Lourenço e do seu executivo que não olham para o desporto como fator de poder e que não tem prioridades” disse.

Navita Ngolo, também deputada da UNITA, lembrou que à semelhança desta lei, outras estão engavetadas, por falta de celeridade do Governo angolano.

A suspensão de Angola das competições internacionais manter-se-á até que a lei desportiva angolana esteja em conformidade com os estatutos da organização de cúpula da luta antidopagem, que terá, depois, de reintegrar o Comité Olímpico Angolano, que funciona como a organização nacional antidoping em Angola.

Também a deputada do MPLA Palmira Barbosa reconheceu a importância da aprovação, urgente, da lei e mostrou-se confiante no regresso de Angola às competições internacionais num curto espaço de tempo.

“A aprovação desta lei é de extrema importância para a participação de Angola em todas as competições internacionais, não só dos atletas, mas também dos dirigentes que exercem cargos nos órgãos e organismos internacionais. Os deputados já sabem da importância e a valorização desta lei para a continuidade da participação do desporto angolano a nível internacional o mais breve possível” disse.

Com esta suspensão, a bandeira de Angola não poderá ser hasteada em competições internacionais, além de o COA ficar impedido de acolher ou organizar quaisquer eventos e os seus representantes são inelegíveis para cargos na AMA.

No documento, o organismo mundial explicou que em 22 de setembro de 2023 emitiu um comunicado dando conta das desconformidades por parte de Angola, conferindo mais quatro meses para as alterar, sem que estas correções tenham acontecido.