O português Miguel Moreira qualificou-se para a final dos 3.000 metros dos Campeonatos da Europa de atletismo em pista curta, em Apeldoorn, nos Países Baixos, enquanto Duarte Gomes acabou eliminado.

Miguel Moreira arrebatou a última vaga na primeira série das 15 voltas à pista neerlandesa, com o sexto lugar, em 07.51,74 minutos, impondo-se sobre a meta, por dois centésimos de segundo, ao norueguês Filip Ingebrigtsen, sétimo e eliminado.

"Tive de me esforçar muito na parte final. Se calhar, podia ter-me chegado à frente nas últimas duas voltas, para assegurar o sexto lugar. Mas, ter ficado para trás ao início, deu-me forças para o final e foi isso que fez diferença na última curva, porque esta reta é mesmo muito pequena", explicou o atleta do Benfica.

Aos 24 anos, Miguel Moreira tem os 07.41,56 alcançados já este ano como recorde pessoal, ambicionando mais, para a final, marcada para domingo, último dia dos Europeus Apeldoorn2025, a partir das 16:50 locais (15:50 em Lisboa).

"Fiz o que tinha de fazer, na final vou dar tudo de mim, outra vez, e espero sair daqui com o recorde nacional", referiu, apontando aos 07.39,44 da melhor marca lusa de sempre, na posse de Rui Silva, desde 06 de fevereiro de 2000, ano em que foi segundo em Gent2000, ainda a melhor classificação portuguesa na distância.

Enquanto antevia a final, durante a segunda semifinal, disputada pelo seu compatriota Duarte Gomes, mas também por Jakob Ingebrigtsen, irmão do 'rival' que tinha acabado de afastar, Miguel Moreira admitiu que o fenómeno norueguês, que procura o quarto cetro seguido na distância, depois de conquistar o terceiro nos 1.500, na sexta-feira, pode ser um aliado.

"Amanhã [no domingo] vai ser mais disputada e mais lançada também, porque vai estar o Jakob. Ele tem o hábito de lançar a prova ao ritmo que pretende e eu espero que assim seja e eu possa correr muito rápido", frisou o benfiquista, sem querer apontar a um resultado entre os 12 finalistas, apenas sentir que deixou tudo na pista.

Diferente sorte do atleta do Benfica teve o Duarte Gomes, que, a correr na segunda série, de Jakob Ingebrigtsen, acabou no 10.º posto, em 07.59,24.

"As sensações foram boas, senti-me dentro da corrida até ao final. Nos últimos 300, 400 metros perdi um bocadinho o grupo, acho que me falta trabalhar um pouco mais para estar nestes palcos e acabar forte com eles", reconheceu o também estreante nacional em Europeus 'indoor'.

Com um recorde pessoal ligeiramente melhor do que o companheiro de treino Miguel Moreira, fixado também já em 2025 em 07.41,16, o atleta do Sporting 'culpou' o norueguês, que cumpriu 13 das 15 voltas na traseira do pelotão, para depois arrancar para o primeiro lugar, com o tempo de 07.55,32.

"É como se vê! É muito fácil, para ele [Jakob Ingebrigtsen], mudar de velocidade, está muito acima dos outros nos 1.500 e nos 3.000, mas, sim, dificulta muito a corrida. Quando o vi a passar, o ritmo mudou completamente e, foi aí, que larguei um pouco", admitiu.

Mesmo assim, o jovem meio-fundista do Sporting, também de 24 anos, assumiu-se entusiasmado: "Para primeira competição é um balanço positivo e dá-me ganas para voltar e para o que falta desta época, fico muito contente, foi um prazer integrar esta comitiva".

"O nível está muito forte, mas temos de continuar a trabalhar para chegar às medalhas nos 3.000 metros, porque nos 1.500 já conseguimos", rematou Duarte Gomes, aludindo às conquistas de Salomé Afonso e Isaac Nader, que, na sexta-feira, arrebataram prata e bronze, respetivamente.

Com a passagem de Moreira à final dos 3.000, aumentaram para 10 as presenças portuguesas em finais em Apeldoorn2025, depois de Auriol Dongmo e Jessica Inchude, no lançamento do peso, Salomé Afonso, nos 3.000 e nos 1.500, distância na qual contou com a companhia de Patrícia Silva e Isaac Nader, além de Gerson Baldé, no salto em comprimento, João Coelho, nos 400, e Tiago Luís Pereira, no triplo salto.