A jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce recuperou o estatuto de 'rainha' mundial da velocidade, ao vencer com grande facilidade os 100 metros dos Campeonatos do Mundo de atletismo, em Doha, no domingo, somando o quarto título na distância.

Na jornada no Estádio Khalifa, a jamaicana campeã olímpica de 2008 e 2012 só teve 'rival' no norte-americano Christian Taylor, o 'rei' do triplo salto, que também conquistou o ouro pela quarta vez, num concurso que deixou o português Pedro Pablo Pichardo fora do pódio, com a melhor marca de sempre de um quarto classificado.

Dois anos depois de ter sido mãe e na sua primeira grande competição após os Jogos Olímpicos Rio2016, Fraser-Pryce, de 32 anos, produziu um regresso excecional, ganhando o hectómetro em 10,71 segundos, melhor marca do ano, para elevar o seu pecúlio a oito títulos mundiais, incluindo um de 200 m (2013) e três de 4x100.

O arranque supersónico da jamaicana não deu hipóteses a Dina Asher-Smith, que foi segunda com 10,83 e estabeleceu um novo recorde da Grã-Bretanha, enquanto a marfinense Marie-Josée Ta Lou, prata em 2017, fechou o pódio (10,90), à frente da jamaicana Elaine Thompson, bicampeã olímpica do Rio2016, quarta com 10,93.

A final foi marcada pela ausência da holandesa Dafne Schippers (prata em 2015 e bronze 2017), obrigada a abdicar da corrida devido a um problema físico.

Perante as muito vazias bancadas do estádio na capital do Qatar, o esperado duelo no triplo entre os norte-americanos Christian Taylor e Will Claye, que já saltou 18,14 metros este ano, cumpriu todas as expectativas. Taylor começou com dois nulos, mas acedeu aos últimos três saltos com um ensaio conservador (17,42) e embalou para um concurso de grande nível.

Com 17,92 metros, Taylor acrescentou uma nova medalha de ouro às de 2017, 2015 e 2011, relegando Claye para a prata, com 17,74. Hugues Fabrice Zango, do Burkina Faso, saltou para o pódio no último ensaio (17,66) e negou a Pichardo a sua terceira medalha, depois da prata conquistada em 2013 e 2015, ainda em representação de Cuba.

A marca de 17,62, feita à quarta tentativa, é a melhor do ano do luso-cubano e valia o bronze à entrada para a última ronda, mas fica para a 'história' como a melhor de sempre de um quarto classificado em Mundiais - teria valido uma medalha na maioria das edições.

Emocionante foi também o concurso da vara feminina. Competindo sob bandeira neutra devido à suspensão de seu país desde 2015, motivada pelo escândalo de doping institucional, a russa Anzhelika Sidorova manteve o suspense até final, ganhando com 4,95 m no último ensaio, depois de ter passado todas as fasquias à primeira até 4,90, juntamente com a norte-americana Sandi Morris.

A atleta dos Estados Unidos falhou todos saltos a 4,95 e teve de contentar-se com a prata, tal como há dois anos, em Londres. A grega Ekaterini Stefanidi, campeã olímpica, que defendia o título mundial de 2017, foi terceira com 4,85.

Na primeira final mundial da recém-criada estafeta mista de 4x400 metros, os Estados Unidos, com Wilbert London, Allyson Felix, Courtney Okolo e Michael Cherry, bateram de novo o recorde mundial, com 3.09,34 minutos, à frente da Jamaica, com recorde nacional (3.11,78), e do Bahrain, com recorde asiático (3.11,82).

O pódio dos 20 km marcha foi dominado pelas chinesas Hong Liu (1:32.53), Shenjie Qieyang (1:33.10) e Liujung Yang (1:33.17), a justificarem o favoritismo, numa prova em que a portuguesa Ana Cabecinha foi nona com a marca de 1:36.31 horas, conseguindo nova presença no 'top' 10.

Nas eliminatórias dos 200 metros, o norte-americano Noah Lyles, principal candidato ao ouro, foi segundo na sua série, sem forçar (20,26), cumprindo o requisito de se apurar para as semifinais. O britânico Adam Gemili correu em 20,06 e foi o mais rápido das séries, seguido do campeão pan-americano, o equatoriano Alex Quiñónez, com 20,08.

A desilusão veio da ausência do norte-americano Christian Coleman, novo campeão mundial de 100 metros, que abdicou dos 200, e vai participar somente nos 4x100, gorando assim a expectativa de um confronto com Noah Lyles.