A Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) decidiu adiar até março a entrada em vigor da nova norma sobre os níveis de testosterona em mulheres, após os recursos da atleta Caster Semenya e da Federação sul-africana.

Com este adiamento, a IAAF deseja evitar “atrasos adicionais e incerteza em relação às atletas que queiram competir na próxima época e nas seguintes na categoria feminina”, esclareceu o organismo, em comunicado.

A nova regra, que deveria entrar em vigor em 01 de novembro, exige que as atletas que sofram de hiperandrogenismo – distúrbio caracterizado pelo excesso de andrógenos como testosterona -, tenham níveis de testosterona abaixo dos cinco nanomoles por litro de sangue, cinco meses antes de competirem.

“A IAAF continua convencida da base legal, científica e ética dos regulamentos e espera que o TAS [Tribunal Arbitral do Desporto] rejeite os recursos, mas também compreende que as atletas afetadas necessitem de certezas o mais rápido possível”, disse o organismo.

A audiência no TAS do recurso sul-africano está prevista para fevereiro e a decisão para finais de março.

Em abril a IAAF entendeu reduzir os níveis de testosterona em desportistas que apresentem hiperandroenismo, como Semenya, que deveriam tomar medicação para reduzir a produção natural, caso contrário não poderão competir com mulheres.

Até hoje o limite para os níveis de testosterona estava nos 10 nanomoles por litro de sangue e a IAAF pretende a redução para metade.

De acordo com a IAAF, uma maior proporção “aumenta em 4,4% a massa, entre 12 a 26% a força, e em 7,8% a hemoglobina”.

“Apenas quero correr de forma natural, da forma que nasci. Não é justo que me digam que tenho que mudar. Não é justo que questionem quem eu sou. Sou Mokgadi Caster Semenya, sou mulher e sou muito rápida”, disse a bicampeã olímpica dos 800 metros.