A marchadora português Inês Henriques lamentou o dia duro e triste vivido hoje na sua despedida dos 35 quilómetros, com a desistência no terço inicial da prova dos Campeonatos do Mundo de atletismo, em Budapeste.

Aos 43 anos, Inês Henriques abandonou a competição disputada no centro da capital húngara, com partida e chegada à Praça dos Heróis, na sua despedida da distância, após 14 quilómetros, quando seguia a 6.44 minutos da liderança.

“Foi um dia duro e um dia triste, porque queria terminar. Por mim, pelo meu treinador de sempre [Jorge Miguel], que infelizmente não pôde estar por doença, pela minha família, por todo o apoio que me tem dado, e por ser a última prova de 35 quilómetros”, afirmou a atleta natural de Rio Maior, aludindo à retirada da distância do programa olímpico para Paris2024.

A ribatejana cumpriu a sua 11.ª presença em Mundiais, igualando a conterrânea e também marchadora Susana Feitor, naquela que foi apenas a sua segunda desistência, depois de ter abandonado nos extintos 50 quilómetro em Doha2019 – também não terminou os 20 em Edmonton2001, mas por desqualificação.

Inês Henriques, campeã do mundo dos 50 quilómetros em Londres2017, parou após uma hora de prova, tentando retomar a marcha, para cumprir o objetivo de “chegar ao fim”.

“Era querer terminar, mas o corpo não reagia. Nas provas longas é complicado termos problema logo ao início, porque faltam muitos quilómetros, quando se tem problemas aos 25/30 quilómetros, ainda se aguenta, é muito difícil chegar ao fim”, admitiu.

A atleta do CN Rio Maior reconheceu ter sentido dificuldades muito cedo na prova, dificultando a ‘sobrevivência’.

“Procurei ser prudente, mas o meu corpo não reagia. Ainda era muito cedo, ainda faltava muito, eu parei, tentei retomar, mas não reagia, e, quando o corpo não respondo, a cabeça também não deixa. É uma bola de neve e não conseguimos sair dali”, resumiu.

Apesar disso, Inês Henriques juntou-se a Susana Feitor no grupo de atletas com 11 presenças em Campeonatos do Mundo, nos quais podem ser igualadas em Budapeste2023 pelo maratonista mongol Bat-Ochiryn Ser-Od, de 41 anos.

Ambas só são superadas pelo espanhol Jesús Ángel García Bragado e pelo também português João Vieira, igualmente marchadores, que contam 13 participações em Mundiais.

O português, de 47 anos, que já tinha confirmado este feito no sábado, quando foi 33.º nos 20 quilómetros marcha, também abandonou hoje a prova de 35 quilómetros, devido a uma indisposição.

O marchador do Sporting desistiu após ter cumprido sete quilómetros no circuito citadino, após pouco mais de meia hora, quando seguia a 2.24 minutos da liderança.

O atleta de Rio Maior enfrentava a competição da mais longa da marcha, depois de ter conquistado a medalha de prata em Doha2019, quando se tornou no medalhado mais velho de sempre [aos 43], e a de o bronze nos 20 em Moscovo2013.