A cazaque Norah Jeruto, campeã do mundo de 3.000 metros obstáculos em 2022 e suspensa provisoriamente por doping em abril, viu o castigo ser levantado pelo tribunal disciplinar da World Athletics.

A decisão do organismo mundial do atletismo, hoje conhecida, já levou a Autoridade para a Integridade do Atletismo (AIU) a admitir que poderá recorrer da decisão.

Jeruto, de 28 anos, fora suspensa pela AIU por "recurso a produto ou método proibido", após terem sido detetadas anomalias no seu passaporte biológico.

O passaporte biológico, que é um registo ao longo do tempo de variáveis biológicas definidas, permite sancionar um atleta por dopagem mesmo sem controlo positivo, desde que haja opinião unânime nesse sentido de um painel de especialistas.

No caso de Jeruto, o tribunal disciplinar independente da World Athletics considerou que as anomalias detetadas após análises ao sangue não permitiam concluir por dopagem sanguínea.

"As amostras não podem constituir por si uma tentativa de administração sanguínea, assim como a compra de uma arma para fins malévolos não é uma tentativa de homicídio", defende o tribunal, nas conclusões datadas de 27 de outubro e hoje publicadas.

Jeruto e os médicos que testemunharam no processo explicaram aos peritos que a atleta sofria de úlceras abdominais e que tinha contraído covid-19, duas razões que poderiam explicar as anomalias detetadas.

Sem provas suficientes por parte da acusação, o tribunal disciplinar decidiu "afastar todas as acusações" e levantar a suspensão provisória com "efeitos imediatos".

Em resposta, a AIU, através da rede social X (ex-Twitter), afirmou que se reserva o direito de recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), a exemplo do que fez em setembro com a barreirista nigeriana Tobi Amusan.

Norah Jeruto, nascida no Quénia, compete pelo Cazaquistão desde 30 de janeiro de 2022. Foi campeã do mundo em 2022 em Eugene, mas não defendeu o título este ano, em Budapeste, por estar suspensa.