A conquista de medalhas em Jogos Olímpicos deve ter um “efeito de cascata” e um “efeito dinamizador” na prática desportiva das respetivas modalidades, considerou hoje o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Jorge Vieira.

No painel “Mais Talento, Mais Elite, Mais Medalhas”, integrado no Congresso Nacional do Desporto, organizado pela Confederação do Desporto de Portugal (CDP) e realizado no Fórum Lisboa, Jorge Vieira deu o exemplo do atletismo a partir de 1976, depois das medalhas de Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro em Jogos Olímpicos (JO).

“A primeira medalha olímpica de Carlos Lopes, em Montreal1976, gerou um efeito de cascata em termos de prática. Cada vez mais modalidades se deviam dedicar em obter rendimento desportivo e medalhas, que são um objetivo dinamizador da prática, em termos qualitativos e quantitativos”, disse Jorge Vieira, presidente da FPA desde 2012.

Assim, “apostar na base quantitativa, mas também na qualidade, é o caminho de longo curso para desenvolver o desporto nacional”, afirmou, num “ciclo virtuoso” que se tem de criar no setor, embora reconheça que o atletismo devia “ter ainda mais medalhas”.

O diretor-desportivo do Comité Olímpico de Portugal (COP), Pedro Roque, também foi orador do painel e forneceu alguns dados estatísticos sobre o atraso desportivo do país na conquista de medalhas em JO, comparativamente com outros países europeus.

“Na nossa melhor participação de sempre [Tóquio2020, quatro medalhas], obtivemos cerca de metade da média dos países da nossa dimensão em termos populacionais. É um indicador importante”, começou por realçar, frisando que, em contexto olímpico, o histórico de Portugal continua “ainda muito atrasado em relação à média continental”.

Enquanto a média de medalhas portuguesas é de 1,12, a média da União Europeia é de 9,08 e a dos países entre cinco e 12 milhões de habitantes é de 7,53. Contudo, Pedro Roque acredita que Portugal poderá conseguir aproximar-se destes valores no futuro.

“Quando compararmos as três últimas edições dos JO, verificamos que Portugal é dos países com a variação mais positiva em relação ao histórico. Portugal pode estar a criar um novo paradigma e só o futuro poderá confirmar, ou não, esta tendência”, afirmou.

O dirigente do COP ressalvou que o índice de participação desportiva, no qual Portugal ocupa a última posição do ‘ranking’, é um dos fatores que se tem “de melhorar”, e que uma maior oferta da prática desportiva “é o melhor método de deteção de talentos”.

“Precisamos de melhorias na qualidade de intervenção, como no futebol, que, hoje em dia, tem uma inegável qualidade em termos de intervenção nos escalões mais jovens, comparável aos melhores países do mundo”, exemplificou, acrescentando igualmente que estes exemplos “têm, podem e devem ser replicados nas restantes modalidades”.

Pedro Roque questionou se as medalhas olímpicas conquistadas “estão a ter o retorno que se gostaria”: “Carlos Lopes e Rosa Mota trouxeram milhares de praticantes ao atletismo português. Será que estas novas medalhas estão a proporcionar o mesmo?”

“Sem financiamento, não é possível termos um processo de excelência. Estamos numa atividade competitiva e é com os outros países que estamos a competir. Nunca, como agora, o desporto português esteve tão preparado para dar o salto qualitativo”, disse.

O Congresso Nacional do Desporto termina no sábado, com os painéis “Promoção ‘Marca Portugal’”, “O Desporto e o Seu Dinheiro” e “O Desporto e as Suas Leis”.

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