O atletismo angolano vive um mau momento e precisa urgentemente de uma intervenção por parte dos agentes, particularmente aqueles que fizeram parte da "família" (corredores, dirigentes e técnicos) antes e após a independência, afirmou esta sexta-feira, em Luanda, o técnico José Saraiva.

Em entrevista à Angop para abordar o estado atual da modalidade, o antigo atleta do 1º de Agosto mostrou-se cético quanto ao futuro da modalidade, considerando que não existe atletismo no país e, tendo em conta o atual momento, a situação prolongar-se-á por mais anos.

De acordo com o especialista, as estatísticas evidenciam um declínio total. "Vamos até à federação e associação e vamos constatar que há uma enorme diferença nas marcas de 2013, 2014, 2015 e 2016. Comparativamente aos anos anteriores, há um grande fosso", frisou Saraiva, que já orientou o clube 'militar'.

Salientou faltar vontade por parte dos dirigentes da modalidade, cujos últimos projetos têm sido, na sua opinião, um fracasso.

"Os últimos projetos da federação fracassaram, inclusive o projeto de fazer seleção na São Silvestre, só depois de perderem quatro a cinco vezes decidiram voltar ao sistema normal, onde cada atleta corre pela sua equipa, mas até decidirem perderam muito tempo e dinheiro", comentou.

Por outro lado, o técnico disse que o atletismo tem normas que em Angola não são respeitadas, realçando a necessidade de correr e efetuar os lançamentos de peso, dardo, entre outras especialidades.

Explicou que o Estado dificilmente vai apoiar a modalidade, enquanto os dirigentes federativos não se preocuparem em realizar provas regulares de forma a criar um ambiente mediático e despertar a atenção do Ministério da Juventude e Desporto.

José Saraiva criticou também o facto de não serem exigidas marcas para correr no nacional e o facto de os atletas não competirem no campeonato provincial.

"Quem não corre no provincial não pode correr no nacional, temos que exigir mínimos e obrigá-los a competir nos respetivos provinciais. Temos pistas sintéticas em Luanda, Cabinda e Luanda, mas damos a utilidade necessária e por isso a modalidade nestas paragens não evoluiu", disse.

Apelou à equipa técnica da federação no sentido de elaborar projetos a longo prazo, considerando que a única preocupação da instituição é a São Silvestre.

"Os dirigentes têm o atletismo como 'enteado' e a São Silvestre como filho, preocupam-se com a modalidade apenas neste período, porque têm necessidade de aparecer nos meios de comunicação", acrescentou.

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