O Sporting de Braga consumou hoje uma inédita ‘dobradinha’ na corrida São Silvestre do Porto, com os triunfos de Miguel Borges e Mariana Machado, numa 29.ª edição com partida e chegada novamente localizada na Avenida dos Aliados.
No quadro masculino, Miguel Borges, de 29 anos, completou os 10 quilómetros em 29.16 minutos, tendo superado nos metros decisivos Rui Pinto (Sporting), por três segundos, e João Amaro (Benfica), gémeo de Pedro Amaro, vencedor da derradeira edição, por sete.
“Faz 10 anos que tinha corrido aqui pela última vez. Não vinha cá há algum tempo. Como é óbvio, não escondo a vontade que tinha de subir ao pódio. Consegui triunfar com uma corrida que me preencheu muito”, assumiu aos jornalistas o atleta do Sporting de Braga.
Dois meses depois de ter trocado o Sporting pelos minhotos, Miguel Borges concluiu um “ano atípico”, afetado logo nos meses iniciais por uma lesão, com um “grande resultado”.
“Sei que estou num bom momento de forma. Tentei resguardar-me bastante no arranque da corrida, que é a parte mais difícil, e senti-me sempre muito bem e confortável a partir dos cinco quilómetros. Na subida final, na zona da Lapa, vi que os meus adversários não iam tão bem quanto eu. Ataquei forte perto do fim, fiquei sozinho e fui feliz”, rememorou.
O domínio do Sporting de Braga na São Silvestre do Porto seria posteriormente vincado com a vitória de Mariana Machado nas mulheres, em 33.21 minutos, ao deixar para trás Salomé Rocha (Sporting), com 33.47, e Sara Duarte, sua colega de equipa, com 34.58.
“Era a única grande São Silvestre que me faltava ganhar. Já venci em Braga, em Lisboa por duas ocasiões e na Amadora, mas nunca tinha vindo correr ao Porto. É uma corrida fantástica e muito durinha. O Porto tem imenso sobe e desce, mas senti-me muito bem e melhor do que contava, porque o Natal presenteou-me com uma gripe. Fiquei muito feliz por esta vitória. Estou imbatível nas São Silvestres e ainda não perdi nenhuma”, avaliou.
Há duas semanas, Mariana Machado tinha repetido o êxito consumado em 2019 na São Silvestre de Braga, com 33.30 minutos, nove segundos acima da marca alcançada hoje.
“Por vezes, estar doente baixa-nos a imunidade, mas, por outro lado, tive a oportunidade de descansar mais. O treino e o trabalho já estavam feitos. Sabia que, antes desta gripe, estava num grande momento de forma e a verdade é que me senti bastante confortável. Mesmo nas subidas, sentia que estava em vantagem em relação às minhas adversárias. Tinha a respiração muito controlada e aí percebi que a vitória não me ia fugir”, explicou.
Surpreendida por ter escutado o seu nome com frequência nas ruas portuenses, sinal de que “as pessoas cada vez mais reconhecem e dão valor” à sua evolução, a sucessora de Mónica Silva no palmarés feminino da prova selou um “ano positivo e de aprendizagem”.
“Há Jogos Olímpicos em 2024 e, tal como todos os atletas, sonho lá estar. Irá ser um ano de viragem, porque vou fazer uma pausa no curso de Medicina para me dedicar mais ao atletismo. Não irei ter sempre esta idade jovem e gosto de superar os meus limites. Ir aos Jogos é um sonho muito ambicioso e são poucos os atletas que têm essa oportunidade, mas vou arriscar e tentar a minha sorte para Paris2024”, contou a corredora, de 23 anos.
Em 2023, Mariana Machado, filha da ex-atleta Albertina Machado, conquistou a medalha de ouros no evento de 5.000 metros nos Jogos Mundiais Universitários, em Chengdu, na China, foi tricampeã nacional de corta-mato longo e logrou os títulos nacionais de corta-mato curto e de estrada, entre novos recordes pessoais nos 1.500, 3.000 e 5.000 metros.
Além da corrida de 10 quilómetros, a São Silvestre do Porto integrou uma caminhada de 5.000 metros, com essas duas provas a juntarem 12.000 atletas inscritos, de 47 países.
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