Mariana Machado enalteceu hoje a experiência recolhida nas meias-finais dos 5.000 metros dos Campeonatos do Mundo de atletismo, em Budapeste, depois de ter arriscado manter o ritmo das primeiras, sem bater o seu recorde pessoal.
A atleta do Sporting de Braga, de 22 anos, terminou a segunda meia-final na 14.ª posição, em 15.28,97 minutos, no 29.º do computo geral das duas eliminatórias, falhando o apuramento para a final, marcada para sábado, às 20:50 locais (19:50 em Lisboa).
“Estava a contar com um resultado melhor, pelo que trabalho e me dedico diariamente. Dei tudo e tentei estar na luta até onde deu, no ritmo muito elevado a que foi lançada a corrida. Infelizmente, não consegui manter a cadência, mas arrisquei e acho que isso é o que levo positivo desta prova. Tenho 22 anos, ainda sou muito nova, espero ter muitos Campeonatos do Mundo pela frente”, afirmou a fundista.
Estas corridas foram reagendadas para a sessão da tarde, devido à previsão de calor extremo para o dia de hoje, com Mariana Machado a assegurar ter dado “tudo o que tinha”.
“É sempre um privilégio competir com as melhores do mundo. Num país com cerca de 10 milhões de habitantes é muito reduzido o número de pessoas que conseguem aqui estar e eu estou orgulhosa por ter estado neste palco”, frisou.
Na zona mista do Centro Nacional de Atletismo, na capital húngara, a fundista, filha da também ex-atleta Albertina Machado, recordou os feitos conseguidos nesta temporada, como o seu recorde pessoal de 15.15,56 minutos, alcançados este ano, em Karlsruhe, na Alemanha, e a medalha de ouro nos Jogos Mundiais Universitários.
“Só posso estar orgulhosa da época que fiz e vou continuar a treinar diariamente para conseguir um nível melhor. Quem quiser testemunhar, estou no Estádio 1.º de Maio, que eu estou lá diariamente”, vincou a nona melhor lusa de sempre, só superada pela recordista nacional Fernanda Ribeiro (14.36,45) e pelas consagradas Jessica Augusto (14.37,07), Sara Moreira (14.54,71), Inês Monteiro (15.01,06), Albertina Dias (15.05,12), Aurora Cunha (15.06,96), Marina Bastos (15.07,29) e Dulce Félix (15.08,02).
Mariana Machado integrou a segunda meia-final, a mais rápida, acelerada pela neerlandesa Sifan Hassan, que sprintou com a queniana Fatih Kipyegon pelo melhor tempo na qualificação, para terminar em 14:32.29, menos dois centésimos do que a rival.
A portuguesa perdeu o contacto sensivelmente a meio da corrida, acusando, a seis voltas do fim, o ritmo elevado incutido pela campeã olímpica dos 5.000 e 10.000 metros,
“Sabia que até aos três quilómetros estava a ritmo de recorde pessoal, depois comecei a perder o tempo do cronómetro, estava a descolar imenso e já não estava a chegar o mesmo oxigénio ao cérebro. Tentei dar tudo nos últimos metros, para o caso de ainda estar a tempo de recorde pessoal, mas já me tinha desgastado muito nos primeiros quilómetros, a tentar aguentar o ritmo forte”, explicou.
Perante tal dureza, restou a Mariana Machado tentar melhorar a sua classificação na sua segunda participação em Mundiais, depois do 20.º lugar em Oregon2022.
“Os últimos três foram quilómetros duros. Tentei estar no grupo, ultrapassar algumas atletas que estavam em quebra devido ao ritmo elevado da competição e é uma experiência, uma aprendizagem”, salientou a atleta natural de Braga, que deixou a pista húngara com algumas dificuldades de equilíbrio e com cãibras.
O melhor resultado português na distância remonta a Helsínquia1995, com o segundo lugar de Fernanda Ribeiro, que conquistou a medalha de bronze em Atenas1997.
O recorde nacional ainda está na posse de Fernanda Ribeiro, que, em 22 de julho de 1995, correu as 12,5 voltas em 14.36,45 minutos, em Hechtel, na Bélgica, naquele que foi, na altura, recorde do mundo.
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