A atleta olímpica portuguesa Inês Henriques vai focar-se nos 20 quilómetros marcha após a nova estafeta mista anunciada para Paris2024 ‘apagar’ a longa distância do programa, o que critica por assemelhar os Jogos Olímpicos “aos Jogos Sem Fronteiras”.
Em declarações à Lusa, Inês Henriques posicionou-se contra a inclusão no programa olímpico pela World Athletics (WA) de uma estafeta mista com a distância da maratona (42,195 quilómetros), para um atleta masculino e uma feminina, eliminando os 35 quilómetros (individuais ou em equipa), já depois de gorada a inclusão dos 50 quilómetros femininos em Tóquio2020.
“Isto não tem qualquer comentário. Primeiro, é uma prova que era para substituir uma prova de longa distância, e é óbvio que 10 mais 10 quilómetros não é uma prova de longa distância, não são os mesmos atletas que vão competir. Ainda por cima, com a diferença de uma semana entre a prova de 20 e esta estafeta [em Paris2024]... Basicamente, vão ser os atletas de 20 que vão fazer esta prova. Os atletas de longa distância é para esquecer”, lamenta.
Com tantas mudanças, quer ver “uma coisa de cada vez” e apostar, primeiro, em fazer “boas marcas” nos 20 quilómetros, a que vai regressar e em que já conseguiu um 12.º lugar olímpico, no Rio2016, até porque “com tudo isto, mais parece que os Jogos Olímpicos vão passar a Jogos Sem Fronteiras”.
“[Quero] concentrar-me nesta época, tentar duas ou três provas de qualidade nos 20 km, o Europeu de nações pelos 35 km e, no Mundial, também os 35, e se puder os 20. Depois reuniremos e vejo o que temos”, conta.
Inês Henriques concorda com João Vieira na perceção de que a mudança pode ser “o princípio do fim” da marcha nos Jogos Olímpicos, vendo esta estafeta mista como um ‘íman’ de problemas, criando “mais polémica” e facilitando a que a prova seja retirada, ficando apenas os 20 quilómetros.
“O meu objetivo é ir aos Jogos Olímpicos, (...) e tentar acabar a carreira em Paris. Óbvio, já não tenho a esperança de boas classificações como no passado. Estou quase a fazer 43 anos. Numa longa distância, era diferente”, admite.
Para já, prepara-se para o Grande Prémio de Rio Maior, em 06 de maio, nos 20 quilómetros, para subir no ranking e tentar boa marca, até porque esta estafeta mista “está fora de hipótese”.
A decisão anunciada na sexta-feira pela World Athletics, organismo que rege o atletismo mundial, e pelo COI, faz com que a distância mais longa da marcha desapareça das grandes competições, e se passe apostar num percurso de maratona (42,195 km), dividido por quatro atletas.
Serão 25 seleções em competição, cada uma composta por um atleta masculino e um feminino, que completarão a distância em quatro etapas de distância aproximadamente igual. Cada atleta completará duas etapas de pouco mais de 10 quilómetros cada, alternando masculino, feminino, masculino, feminino.
O evento será realizado no mesmo percurso que os eventos individuais de marcha atlética, de 20 quilómetros, junto à Torre Eiffel, no centro de Paris, e será concluído em cerca de três horas.
As regras de qualificação para o novo evento vão ser publicadas em breve.
A estafeta da marcha será disputada na quarta-feira 07 de agosto de 2024, às 07:30 locais (06:30 em Lisboa), seis dias depois das provas individuais de marcha atlética de 20 quilómetros, o que permitirá que os marchadores compitam nas duas provas.
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