Paulo Bernardo, vice-presidente nos três mandatos de Jorge Vieira na Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), rejeita considerar-se o “delfim” do atual presidente, ao qual quer suceder, para melhorar a modalidade e o organismo.

Em entrevista à agência Lusa, Paulo Bernardo, que lidera a Lista A às eleições para o quadriénio 2024-2028 marcadas para sábado, em Lisboa, reconheceu o incómodo com a exclusão do elenco liderado por Domingos Castro (Lista B), pela falta de apresentação atempadamente dos documentos de identificação dos seus elementos.

“É uma situação desagradável, não devia ter acontecido, mas o regulamento é conhecido, está disponível para consulta, e, ao que parece, o problema é todo à volta do não cumprimento do que está regulamentado. Lamentamos, gostávamos muito de ir a eleições com três candidatos”, afirmou.

‘Vice’ de Jorge Vieira desde 2012, o antigo recordista nacional do lançamento do disco apontou como motivos deste lamento o ‘fair play’ e a convicção de que, mesmo com os três candidatos, venceria as eleições.

Paulo Bernardo, de 50 anos, concorre frente a Fernando Tavares (Lista C), que também integrou todas as três direções lideradas por Jorge Vieira, neste último mandato igualmente como vice-presidente, depois de ter sido vogal nos dois anteriores.

“Nós queremos continuar o crescimento e a mudança que introduzimos há 12 anos. Isso é, para nós, perentório. A modalidade não tem nada a ver agora com o período em que iniciámos funções, em 2013”, vincou, destacando as melhorias no quadro competitivo, a introdução das plataformas eletrónicas para as provas, assim como as transmissões das principais por ‘streaming’.

Para o antigo presidente da Associação de Atletas, entre 2005 e 2012, “o reflexo do trabalho efetuado é claro para quem está na modalidade”.

As eleições para a FPA vão realizar-se no sábado, entre as 15:00 e as 17:00, no auditório do Centro de Medicina Desportiva, no Estádio Universitário de Lisboa, tendo como eleitores 65 delegados – 44 em representação das associações regionais (dois por cada), cinco dos atletas, cinco dos treinadores e outros tantos dos juízes, três dos atletas veteranos, dois dos organizadores de provas e um da Associação de Trail Running de Portugal.

Com uma “perspetiva de continuidade, de continuar o crescimento e continuar a mudança”, Paulo Bernardo defende, contudo, “alterações profundas que têm de ser efetuadas no modelo organizativo da FPA”.

“Não é aceitável que uma federação como a nossa, que tem cinco campeões olímpicos, todos os anos ganha medalhas em Campeonatos da Europa ou do Mundo, que tem a história que tem, não tenha retorno nem reconhecimento por parte da sociedade ou das empresas para nos apoiarem”, reconheceu.

A melhoria da imagem e comunicação da FPA para potenciar a captação de patrocinadores é outro objetivo, mas também aumentar o número de federados – atualmente 24 mil –, aproveitando, segundo Paulo Bernardo, o milhão e meio de corredores regulares e o meio milhão de participantes em provas organizadas.

“Uma ínfima parte está filiada. Temos de dar valor à filiação. Para que possamos apoiar os projetos do atletismo. O nosso objetivo é chegar aos 100 mil praticantes”, sublinhou.

Convicto na sua eleição, o líder da Lista A prometeu aproveitar as propostas “úteis, vantajosas e muito interessantes para a modalidade” apresentadas pelos outros candidatos, em particular as de Domingos Castro, com quem pretende, “junto das autarquias que prometeram, ir lá e desenvolver estes projetos previstos e que já foram anunciados”.

O epíteto de “delfim” do presidente cessante é que não agrada a Paulo Bernardo, reconhecendo, no entanto, a boa “parceria”: “Nós trabalhámos muito, eu e o Jorge Vieira, ao longo destes 12 anos. Estivemos sempre cá, na modalidade, e no nosso melhor (…), estávamos todos a puxar para o mesmo lado, com objetivos concretos, de promover o crescimento. Tudo o que tenho feito em prol da modalidade é com aqueles que estão comigo, fazem parte da minha equipa, e queremos continuar o crescimento”.

As eleições da FPA estão, para já, marcadas pela exclusão da Lista B, encabeçada por Domingos Castro, que avançou com uma providência cautelar no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) e no Tribunal Central Administrativo Sul (TCAS), depois de a MAG federativa ter indeferido uma reclamação apresentada pelo antigo atleta, tendo em vista revogar o afastamento das eleições da lista e impugnar o ato eleitoral.