Pedro Pablo Pichardo, campeão olímpico do triplo salto em Tóquio2020 e ‘vice’ em Paris2024, continua empenhado em representar Portugal, apesar da desvinculação unilateral com o Benfica, assegurou hoje o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA).
“O Pedro Pichardo é a bandeira maior que temos como atleta medalhado neste momento. Fiquei extremamente satisfeito quando me disse que tem como grande objetivo ganhar a medalha de ouro nos próximos Mundiais de Tóquio, porque demonstra estar empenhado em ter um grande resultado”, revelou Domingos Castro, em declarações à agência Lusa.
Quatro dias depois de ter anunciado a rescisão do contrato com o Benfica, que vigorava desde 2017 e até aos Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, alegando “divergências irreconciliáveis”, o luso-cubano esteve reunido com o presidente da FPA na sede do organismo, em Oeiras.
“Foi uma reunião muito agradável, na qual ficou claro que o Pedro continua empenhado em representar Portugal e tem como grande objetivo para este ano os Campeonatos do Mundo. Ele quis que ficasse bem claro que tem sido bem tratado em Portugal e que, por isso, o nosso país contará consigo ao mais alto nível nas grandes competições”, vincou.
Antes do pedido de desvinculação, Pichardo já tinha solicitado uma reunião com o Comité Olímpico de Portugal (COP), que vai decorrer em 24 de janeiro e, de acordo com Domingos Castro, serve para reforçar a mensagem deixada esta tarde pelo atleta à FPA.
“A FPA é alheia a este assunto particular entre o Pichardo e o Benfica. Transmiti-lhe que fiquei triste por saber que não representaria um clube nacional como o Benfica, mas só eles sabem os porquês. Este caso ultrapassa a FPA, mas o Pedro vai empenhar-se ao máximo por Portugal”, direcionou o sucessor de Jorge Vieira, empossado há dois meses.
Além da presença prevista nos Mundiais ao ar livre, em Tóquio, de 13 a 21 de setembro, visando a repetição do ouro alcançado no concurso do triplo salto em Eugene2022 - não participou em Budapeste2023, por lesão -, Pedro Pichardo sinalizou a Domingos Castro vontade em estar nos Nacionais, podendo competir como individual ou por algum clube.
O calendário internacional contempla ainda os Europeus em pista coberta, em Apeldoorn, nos Países Baixos, de 06 a 09 de março, e os Mundiais ‘indoor’, em Nanjiing, na China, entre 21 e 23 do mesmo mês, tal como as 15 etapas da Liga Diamante, de abril a agosto.
“O Pedro tem de estar obrigatoriamente filiado na FPA para competir. Caso contrário, não consegue. Seja qual for a situação, terá sempre de se filiar primeiro na associação onde está, que penso ser Setúbal. Depois, mediante os trâmites normais, [a inscrição] passará para a FPA e, a partir daí, fica completamente legal para competir seja onde for”, referiu.
Questionado sobre a possibilidade de Pedro Pichardo representar outro clube nacional, o líder federativo respondeu que “isso já só depende dele, mas não revelou se sim ou não”.
“Deixo uma palavra de gratidão ao município de Setúbal [onde treina], que vai continuar a apoiá-lo. Isso é muito bom, mas creio que um atleta daquele nível queira provavelmente fazer estágios fora do país. Só ele o sabe, mas vai continuar a contar com o nosso apoio para que esteja estável e concentrado naquilo que está a pôr nos seus planos”, apontou.
Domingos Castro ficou surpreendido pela rescisão do luso-cubano, cujo diferendo com a diretora do projeto olímpico e do atletismo do Benfica, Ana Oliveira, tinha sido tornado público depois da revalidação do troféu continental de pista coberta, em Istambul2023.
“Apelei a certa altura ao Benfica para que não o deixasse sair e falei com o próprio Pedro. Eu pensei que o assunto já estivesse ultrapassado, mas parece que não. Desconheço as condições dos contratos que havia entre as partes e espero bem que isto fique resolvido rapidamente para o bem de todos. Estamos cá para colaborar. Vamos ajudar o atleta no que precisar e estamos disponíveis para aquilo que o Benfica achar que a FPA será útil”, finalizou.
Com 13 medalhas internacionais e nove títulos desde a chegada a Portugal, Pichardo, de 31 anos, não aceitou o processo de filiação na plataforma federativa em 2024 e notificou na segunda-feira o Benfica e a FPA do seu pedido de rescisão unilateral com as ‘águias’, afirmando que levaria o assunto às instâncias competentes.
Horas depois, o clube revelou ter instaurado um processo disciplinar ao triplista em 03 de janeiro com vista ao seu despedimento, por ter faltado “a exames médicos para os quais estava convocado” depois dos Jogos Olímpicos Paris2024 e “recusado a inscrição na plataforma de atletas” da FPA, “apesar de ter sido por diversas vezes solicitado para tal”.
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